quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

dois mil e onze.

Fiz uma lista de planos para 2011 no dia 31 de dezembro de 2010, assim como faço todos os anos. Pode parecer besteira, mas é o meu ritual de fim de ano, a minha forma de lembrar de tudo que aconteceu, pensar o que eu quero que mude no próximo ano e todos esses clichês que todo mundo conhece. Mas eu adoro clichês. E adorei meu ano. Nem tudo foram flores, mas esse com certeza foi um dos melhores anos da minha vida.

Tive um Reveillón bem simples, com o que sobrou da minha família. Não que o resto tenha ido embora ou algo parecido, mas agora sei quem realmente importa. Chorei, como em toda meia-noite de um ano pro outro. Ouvi minha mãe dizendo que nesse ano meus sonhos iam se realizar. Não fui pra praia. Não entrei no mar. Tive um amor de verão na cidade mesmo. Momentos inesquecíveis, bebidas, caixas de bis e muita bagunça. Mas, como diria o Forfun, os dias viram só recordação e foi só mais uma história de verão. Fui pro Planeta e tive um fim de semana inesquecível. Pulei, gritei, ri, chorei, cantei. Andei de ônibus às 6 da manhã com um bando de gente bêbada cantando sem parar uma música insuportável. Música essa que virou o tema do fim de semana. Fortaleci amizades antigas. Mudei os rumos da minha vida achando que estava indo pro lugar certo. Conheci pessoas legais, saí do emprego que eu não aguentava mais. Mas trago boas memórias de lá e algumas pessoas inesquecíveis também. Quebrei a cara e percebi que estava no caminho errado. Voltei pra onde eu nunca devia ter saído. Me apaixonei e desapaixonei. Ganhei um amigo. Recebi conselhos sobre a vida, elogios sobre meus textos e sobre mim. Chorei lágrimas boas. Excluí um blog, porque me disseram que eu postava textos muito pessoais. Criei outro blog e sim, aconteceu a mesma coisa com ele. Não aguentei e criei esse aqui. Cheguei a conclusão de que eu gosto mesmo de escrever sobre mim, não vou mudar. Mas agora já sei até onde posso ir. Até Porto Alegre, por exemplo. Principalmente se eu for sozinha, de ônibus, pegar um trem e pedir ajuda pra uma menina que eu nunca vi na vida e nunca mais vou ver só pra ir num show. Me senti numa aventura. Me senti viva. Voltei pra Caxias, óbvio. E voltei pro Jornalismo. Me encontrei. Encontrei pessoas que eu nunca vou esquecer. Pessoas que fizeram meu ano valer a pena. Pessoas que não ligam se eu falo pouco, se eu sou tímida, chorona ou um pouco idiota e louca às vezes. Achei os amigos de verdade que eu nunca tive. We found love in a hopeless place. Fui pra muitas festas, pra compensar o tempo que eu perdi em casa nos anos anteriores. Bebi, dancei, ri até doer a barriga. Realizei alguns sonhos. Beijei. Beijei mais um pouco. Me apaixonei de novo. Por quem eu pensei que nunca fosse me apaixonar. Senti coisas totalmente novas pra mim e me surpreendi quando percebi que eu estava gostando de sentir tudo aquilo. Escrevi sobre tudo isso, obviamente. Acabou. O sentimento ainda não, mas os momentos ficaram pra trás. E olho pra eles com um sorriso no rosto. E na minha cabeça surge a pergunta: 'fui eu mesma que fez tudo isso, que sentiu tudo isso?'. É, parece que foi. Me arrependo de algumas coisas, mas não voltaria no tempo pra fazer tudo diferente. Eu queria muito voltar no tempo, sim, mas pra viver tudo de novo. Pra rir mais um pouco, pra chorar rios e depois me sentir num seriado americano ou num filme de comédia romântica, sei lá. Pra ficar arrepiada de novo, emocionada com os pequenos detalhes que fazem tudo ser tão especial. Eu olho pra trás, pra esses 12 meses que passaram e sinto vontade de congelar o tempo. De ficar pra sempre aqui, nessa cidade, nesse ano, nesse vagão e ter pra sempre 19 anos.

Mas não adianta. O trem continua andando pelos trilhos. E aí vem mais um clichê. O tempo passa muito rápido e daqui a pouco eu já vou estar escrevendo um texto sobre o ano de 2012 (isso se o mundo não acabar até lá). Muitas coisas vão mudar esse ano e eu sinto isso. Como sempre, algumas pra melhor e outras pra pior. Mas uma coisa é certa: mudei muito nesses 365 dias que passaram. Continuo a mesma criança boba e ingênua e chorona e chata de sempre, mas cresci. Cresci muito. Errei feio algumas vezes, mas vou levar o que aprendi pra poder acertar no ano que vem.

Em 2011 , encontrei o meu lugar no mundo, encontrei as pessoas que fazem eu me sentir parte de algo. Me encontrei. No meio de tantos shows, festas, bebidas, risos, lágrimas, cartas, conversas até as duas da manhã, aulas chatas, domingos entediantes, pessoas novas, livros novos e músicas no repeat eterno, eu me encontrei. Não totalmente, porque sei que nunca vou parar de me surpreender comigo mesma. Mas tô no caminho. Acho que já sei quem eu sou. E 2011 me mostrou que eu posso ser ainda mais em 2012. Porque, quando a gente acha que acabou, está apenas começando.

Always say we're gonna stop, but this year do it all again.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Vou esperar por você em todo lugar, mesmo sabendo que não vai voltar.

Tantas pessoas já se foram, tantas ainda vão ir. People always leave, já diria a minha personagem preferida daquele seriado que eu tanto amo. É a vida, isso nunca vai mudar. Quem tem que ficar, fica. Mas às vezes algumas pessoas ficam e a gente nem percebe. Ficam no nosso coração, na nossa cabeça, nas nossas lembranças, nas músicas que escutamos. Saudade é quando você sabe que a pessoa ainda está aqui, você pode sentí-la, mas seus olhos não a veem mais. Eu já perdi muita gente, já deixei muitos irem embora. Gente que tinha que ter ficado, gente que já não importava tanto assim. E sigo perdendo. Por falta de jeito com as pessoas, por não saber o que fazer e aí acabar fazendo tudo errado, por querer tanto e esperar tanto, por ver o lado bom de quem não tem nada a oferecer. Perco pessoas porque acredito nas suas promessas, porque me iludo com suas palavras, porque me apaixono e algumas pessoas simplesmente não foram feitas pra eu me apaixonar. Dói. Dói saber que algumas não vão mais voltar. Dói mais ainda saber que algumas nunca estiveram aqui realmente, foi só algo que eu criei na minha cabeça. Mas, como eu já disse, é a vida. Enquanto tantos vão embora, outros chegam e me fazem sorrir. Me fazem bem. Me fazem feliz. As pessoas vem e vão na hora certa. Não é por acaso que encontramos alguém, que perdemos alguém. E também não é por acaso que alguém que pensamos perder, continua aqui. Num texto escrito numa madrugada de insônia, num cheiro que surgiu de repente no ar, em músicas que marcaram momentos. Vou escutar quando a sua canção tocar, mesmo sabendo que não vai voltar.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Uma flor amarela

Acho que a esperança é assim. Uma flor linda e amarela no meio das grades de um mundo cinza. Ela pode cair a qualquer momento e se espatifar no chão, mas ainda assim se agarra como pode pra continuar ali, intacta. A última que morre, diriam alguns. Eu diria que, bem lá no fundo, ela nunca morre. Só sofre algumas mudanças. Quando a flor cair no chão e se espatifar, talvez alguém a leve pra casa e coloque num vaso. Ou talvez não. Mas ela nunca vai saber se não arriscar.

Acho que a esperança é assim. Uma flor amarela no meio das grades.
Ainda não sabe se cai ou se fica, mas não desiste.

E, de alguma forma, sorri.

Foto: Rafaela Amaral

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sobre loucos e curiosos

Há muito tempo ouço a mesma pergunta toda vez que encontro ou reencontro alguém depois
de um tempo. É uma pergunta que me faz achar que minha vida é a mais monótona possível, pois na hora nunca sei o que responder. As pessoas simplesmente querem saber quais são as minhas novidades, o que há de novo para contar. Eu fico lá pensando se falo que uma noite, quando eu era pequena, levantei pra ir no banheiro e desmaiei no meio do caminho ou se conto que aos 12 anos de idade caí e ralei todo o joelho, tendo que ir até em casa com sangue escorrendo pela perna.
É claro que eu sei que não é esse tipo de acontecimento que as pessoas querem saber. Até
porque, nada disso é novidade, aconteceu há algum tempo e não interessa muito a ninguém. Mas já estou tão cansada de ter que contar os últimos fatos da minha vida que estou pensando seriamente em botar esse plano em prática e relatar acontecimentos antigos pra ver se assim deixo os curiosos cansados de mim. Com toda a certeza, vão achar que eu sou louca. Mas quem não é um pouco louco hoje em dia?
Essa pergunta sobre as novidades é só uma em meio a tantas que me surgem diariamente.
Não só perguntas, como atitudes estranhas e duvidosas. Fico pensando se estou mesmo no lugar que deveria estar, se me mandaram pro mundo certo ou se estou há 19 anos perdida num hospício. Pessoas querendo se matar por motivos banais, chegando em casa e tomando quantidades absurdas de remédios para poder esquecer os problemas. Mas de que adianta esquecer os problemas e, dessa forma, esquecer também as coisas boas? O que uma droga ou algo do tipo pode ajudar na sua vida? Na minha, nada. Eu prefiro ouvir uma música, conversar com alguém que me faça bem, assistir um seriado legal ou qualquer outra coisa que me anime ou até mesmo algo triste que me faça curtir a fossa. É, talvez eu seja um pouco louca nesse ponto também. Mas nem só de momentos alegres é feita a vida e eu prefiro viver intensamente todos eles. Prefiro ser louca e feliz do que enlouquecer com drogas e no dia seguinte esquecer de tudo que fiz.
Talvez tudo isso que eu esteja escrevendo não faça o menor sentido para você. Ou talvez
seja aquele velho problema de interpretação. As palavras são muito mal interpretadas pelas pessoas. Não são exatas como os números, são humanas assim como nós. Por isso, você pode ter entendido mal tudo que escrevi até aqui. Pode pensar que estou irritada com as pessoas que querem saber minhas novidades e que tenho medo de pessoas loucas. Se for assim, então estou irritada comigo mesma e morro de medo de mim. Pois é, o que mais nos incomoda nos outros são coisas que nós mesmos fazemos frequentemente. O motivo? Já mencionei, mas repito para não haver nenhum mal entendido: somos loucos. E isso não é novidade nenhuma.

*Texto ispirado nas crônicas “Pergunta e Resposta”, “Fuga do Hospício” e “Analfabetismo” de Machado de Assis e escrito para um trabalho da faculdade.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Hoje eu chorei.

Por muitas coisas, por tudo e por nada ao mesmo tempo. Chorei porque às vezes eu não faço o que é certo e porque o certo é tão relativo que eu nem sei mais o que fazer. Chorei porque dói saber que eu decepcionei alguém e não posso voltar no tempo pra consertar. Chorei porque eu já perdi tanta gente que tenho medo de perder quem eu tenho agora. Porque três meses é tempo demais. Porque eu queria que algumas coisas fossem diferentes, por mais que eu saiba que é assim que elas tem que ser. Chorei porque hoje isso foi a única coisa que me restou.

Chorei porque eu bati a cara no poste e tá doendo.

domingo, 27 de novembro de 2011

Cemitério das boas intenções

Trancaram-nos aqui. Aqui onde vivemos a respirar o mesmo ar. Aqui onde dividimos o que roubamos da nossa Terra-mãe. Por que todos aqui? E por que tantos, aqui? Aqui onde amamos nossos semelhantes com a mesma intensidade que odiamos os que são diferentes. Aqui a gente briga pelo que não é nosso. Aqui, onde a gente acumula o que não nos pertence para que os que nada possuem permaneçam nada possuindo. E para sair daqui? Um portão, e ele não abre para os dois lados. Saibamos, então, antes que seja tarde demais, que o bisturi vai ler em nossa pele a perfeita transcrição do que está entalhado em nossa alma. E assim veremos: a gente morre sem dinheiro. A gente morre sem amor. A gente morre sem amigos. A gente morre sem sucesso, sem fracasso, sem passado, sem futuro. A gente morre sem emprego, sem carro, sem medalhas no peito. O que está prostrado na maca é o elo perdido entre o Humano e o Animal. A gente morre sem rosto. A gente morre sem corpo. A gente morre sem nada. A gente morre para que, naquele hesitar entre o último pulso e o fechar de nossas pálpebras, possamos ter um único segundo de paz. Trancaram-nos aqui. E daqui não sairemos juntos. A gente morre sozinho. E hoje, no auge do funeral dos nossos sonhos, depositamos aqui mesmo as nossas boas intenções. Trancaram-nos aqui. E daqui não sairemos vivos.

Fresno

sábado, 26 de novembro de 2011

simples

E então são os simples detalhes que fazem algo valer a pena. Não precisa ser sempre perfeito, não precisa ser sempre maravilhoso e inesquecível. Às vezes pode ser somente simples e ainda assim você lembrar pra sempre. Aqueles momentos em que tu finalmente se sente parte de algo, em que tu realmente acredita que existem pessoas que querem que tu esteja ali, do lado delas. É bom saber que gostam de ti, mas é melhor ainda quando ninguém precisa dizer que gosta de ti porque tu vê. Tu percebe naquele abraço apertado e cheio de sentimento bom, naquelas risadas bobas e verdadeiras, naquela conversa sincera no final da festa. Festa essa que nem precisou ser tão boa, pra ser boa. Não tocaram as melhores músicas, mas eu vi as melhores pessoas pra mim e isso é o que importa. Um sorriso, um abraço, uma palavra amiga. É pra isso que eu tô dando valor ultimamente. Na verdade, sempre foi, mas agora é mais. Não preciso de falsas promessas, de sentimentos nem tão reais assim jogados ao vento só pra dizer que existem. Não sei se existem. Mas a amizade é real. E hoje eu posso dizer que sei quem é de verdade e quem é de mentira. Quem gosta de me ter por perto e quem queria que eu fosse pra bem longe. E pra esses últimos eu digo: enquanto aqueles que me querem por perto ainda estiverem aqui, é aqui que eu vou ficar. Porque são eles que fazem meus dias valerem a pena, são eles que me fazem ver beleza nos momentos mais simples, são eles que fazem eu gostar muito mais de mim e da vida que levo. E é só isso que se leva da vida.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Não encontrei um título para esse texto. Foda-se.

Não sei dizer se acabou ou se vai continuar. Não consigo entender se o que você me diz agora é verdade ou se só devo confiar no que me dirá amanhã. Você muda seu discurso quando bem entende e eu não entendo mais nada. Talvez aí é que esteja a graça. Não entender. Não querer saber, mas ainda assim querer. Te querer. Por mais que você diga que não ou mais ainda porque você me diz que não. A vida é complicada, a gente insiste em falar. Mas a verdade é que nós é que complicamos, nós é que criamos ilusões em cima de qualquer sorriso, em cima de qualquer palavra. Nós é que queremos as coisas cedo demais ou só quando não podemos mais ter. Nós é que somos difíceis e às vezes até impossíveis de entender. Se nem nós mesmos conseguimos, como queremos que os outros nos entendam? Eu não quero. Não quero que você me entenda. Não preciso nem que você diga que me quer. Eu ainda não sei se tudo acabou ou se as coisas vão continuar do mesmo jeito. Ainda não compreendi quando você fala a verdade e quando você só fala por falar. A única coisa que eu sei é que os medos que eu tinha ficaram pra trás. A insegurança que eu sentia ainda existe, mas vem diminuindo a cada dia. Me sinto melhor a cada minuto que passa. Meus olhos já não estão mais tão nublados e eu já consigo me enxergar outra vez, mesmo não sendo mais a mesma de alguns meses atrás. Mudei. Em alguns aspectos, pra pior. Mas em outros sei que melhorei e você tem muito a ver com isso. De um jeito ou de outro, eu cresci sentindo o que você me fez sentir. Eu vi que posso ser muito mais do que achei que podia. Eu vi que não preciso falar o tempo todo e que às vezes as pessoas entendem meu silêncio. Você entende. Você lê meus pensamentos e eu me assusto. Me sinto nua, como se minha alma estivesse a mostra, como se tudo que eu sinto estivesse tão na cara que qualquer desconhecido pode entender. Mas você me conhece. Você, em pouco tempo, me conhece melhor do que muita gente que conheci há anos. E isso me encanta também. Por isso, se vai acabar ou não, tanto faz. Foda-se. Eu já tenho você na minha vida. E sei que você não vai sair dela tão cedo. Aliás, se depender de mim, não vai sair nunca. Então, não importa mais o que vai acontecer. Nada mais importa. A dor já passou, as lágrimas já secaram, os medos estão cada vez menores. O que sobrou foram sorrisos, conversas animadas, beijos estalados na bochecha, copos de cerveja, eu e você. O resto? Já falei. Foda-se.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Time of your life

Another turning point
a fork stuck in the road
Time grabs you by the wrist
directs you where to go
So make the best of this test
and don't ask why
It's not a question
but a lesson learned in time

It's something unpredictable
but in the end it's right
I hope you had the time of your life

So take the photographs
and still frames in your mind
Hang it on a shelf
of good health and good time
Tattoos of memories
and dead skin on trial
For what it's worth
it was worth all the while

It's something unpredictable
but in the end it's right
I hope you had the time of your life.

Green Day

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Reencontro

Hoje tive um encontro com a antiga eu e me senti bem. Por mais que eu goste daquilo que me tornei e não tenha vergonha das coisas que quero agora, eu realmente sou aquilo que reencontrei hoje. Que revivi hoje. Por alguns minutos eu voltei a sentir o que nunca mais tinha sentido, a sorrir por motivos que não me assustam, a querer coisas que não me deixam confusa. Por alguns minutos eu voltei a ser o que eu era, o que eu sempre fui. Se ainda sou, não sei. Talvez agora eu seja uma mistura daquilo que era e daquilo que me tornei. Ou talvez não seja nada disso. Mas o fato é que adorei rever a antiga eu. Adorei ver que essa parte de mim ainda existe, apesar de tudo. E eu sou capaz de jurar que ouvi ela dizer um 'volto logo'. E sei que mais cedo ou mais tarde ela volta pra ficar.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O amor

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar.

Fernando Pessoa

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sobre pessoas, palavras e lágrimas

As pessoas não sabem o quanto podem ser importantes na vida das outras. Por mais que na maioria das vezes a minha teimosia faça com que eu não siga os conselhos que me dão, eu nunca, nunca mesmo esqueço aquilo que me dizem. Já me falaram coisas boas, lindas, que me fizeram feliz por um momento ou por dias seguidos. Já me falaram coisas horríveis, que me machucaram e que eu não gosto de lembrar, mas não tem como esquecer. O fato é que as palavras, sejam elas boas ou ruins, me tocam.
Sou movida pelas palavras, por mais que às vezes eu siga a direção contrária daquilo que me dizem. Sou feita de palavras, por mais calada que eu possa parecer. Eu penso muito. Eu falo pouco, mas ouço muito. E guardo pra sempre tudo aquilo que ouço. Tudo aquilo que leio também.
Já me chamaram de estúpida, já disseram que eu sou a melhor pessoa do mundo. Já riram e fizeram cara feia para as escolhas que fiz na vida, já disseram pra eu nunca desistir e sempre enfrentar os meus medos. Já disseram que me amavam, já disseram que não me amavam. Já me contaram histórias que me fizeram pensar o quanto minhas preocupações são bobas e o quanto meu choro é sem fundamento. Mas eu continuo chorando, porque essa é a minha forma de encarar aquilo que tenho medo, essa é a maneira que encontro pra pedir perdão pelos conselhos que não sigo, pelas pessoas que acabo magoando.
Eu choro porque as lágrimas me definem, fazem parte daquilo que sou. Elas escorrem em momentos bons, ruins, por emoção, por raiva ou tristeza. E às vezes choro porque as pessoas não sabem o quanto podem ser importantes na vida das outras e porque eu não sei como mostrar ou dizer isso a elas. Por isso escrevo. Por isso já estou no meu terceiro blog e tenho vários cadernos lotados de palavras espalhados por aí. Eu escrevo porque não sei lidar com as pessoas, mas amo cada uma, ou a maioria delas. Escrevo pra tentar compensar a minha falta de talento pra falar. Pra tentar traduzir aquilo que sinto, aquilo que as pessoas me fazem sentir.
E se você, seja quem for, já me disse alguma coisa, qualquer coisa, sem ter medo de mudar a minha vida com suas palavras, saiba que eu nunca vou esquecer. Porque eu tenho muitos defeitos e um deles é não esquecer de nada. Ou talvez não seja um defeito. De qualquer forma, não tenha medo. De falar, de mudar a minha vida, de me dar conselhos que talvez eu não siga, de ser sincero sempre. Não fuja se virar assunto para um texto meu, se eu viajar totalmente numa frase qualquer que você falar. Não se assuste, porque eu sou assim.
Eu choro, sorrio e escrevo sobre aquilo que as pessoas costumam chamar de qualquer coisa. Mas qualquer coisa pra mim é importante. Porque, como já me disseram, eu sou intensa. E com isso eu concordo profundamente.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Preciso dizer

E aí você chega, como quem não quer nada e me toca bem lá no fundo. Me faz sentir o que eu pensei que não fosse possível. E, no segundo seguinte, você me deixa falando sozinha enquanto eu fico aqui com um vazio enorme no peito, esperando que você volte. Você volta, você sempre volta. Mas cada vez você reaparece com menos intensidade. Com menos vontade. Ao contrário de mim, que cada vez te quero mais, cada vez sinto menos medo de tudo isso, menos vergonha de admitir que quero tudo isso. Eu queria você. E queria que as coisas voltassem a ser como eram a alguns dias atrás. Era tão divertido, era tão gostoso passar o tempo ao seu lado. Agora você tornou as coisas um pouco difíceis. Ou talvez eu tenha tornado. Não sei. O fato é que não somos mais os mesmos. Não queremos mais as mesmas coisas. Aquela conversa cheia de vontade de deixar de ser só uma conversa no final daquela festa nunca mais vai voltar. Sua mão pegando a minha com tanto sentimento escondido não vai voltar também. Os sentimentos não estão mais escondidos. O amor, ou seja lá o que for tudo isso, está aí pra quem quiser ver. Só que você não quer mais ver. O medo que eu deixei de sentir passou pra você.
E, já que aqui o medo quase não existe mais, preciso dizer que eu tenho certeza que tu foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos meses, porque me fez enxergar as várias pessoas que existem dentro de mim e não ter vergonha de nenhuma delas. Preciso dizer que tu me encanta porque eu não preciso de motivos pra gostar de ti, eu gosto e pronto. Não tem explicação. Preciso dizer que eu me sinto muito mais feliz quando falo contigo, começo a sorrir como uma boba quando vejo você chegando, as palavras se perdem quando você olha pra mim. Muitos textos aqui já falaram de você e às vezes não temos noção do que provocamos nas pessoas com algumas palavras. Só percebemos isso quando alguém escreve algo pra nós. E você escreveu. Eu li. E chorei. Chorei as lágrimas mais felizes do mundo. Elas escorreram pelo meu rosto como se limpassem todas as impurezas, externas e internas.
E eu queria dizer que fiquei muito mais feliz depois de ter voltado atrás. A única coisa que me deixa um pouco triste é saber que agora é você que está mudando de opinião. E não concordo quando você diz que agora nada mais importa. Importa, sim. O que eu sinto importa. O que você sente importa. Você importa muito pra mim. De alguma forma que eu ainda não entendi, eu gosto muito, muito de ti. Por favor, nao tenha medo disso. E não esquece. Não me perde.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

mordida

eu me mordo de ciúmes
de você, dela, dele
de quem nem imagina
de quem nem percebe

tenho ciúmes
e dói
me consome
quase mata

eu me mordo de ciúmes
posso morder você também?

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Antes que o dia acabe

De vez em quando acontecem coisas que fazem você se sentir vivo de verdade. Pode ser qualquer coisa. Uma música, uma palavra dita no momento certo, uma crônica do jornal, um sorriso de alguém que você ama, alguém que você ama te fazendo sorrir, alguém. De repente, num dia chuvoso e frio, alguma coisa deixa teu mundo mais ensolarado. Te esquenta. Não por fora, mas por dentro. Outro dia estava lendo uma crônica da Martha Medeiros e lá ela dizia que o lema da vida dela é não deixar o dia partir inutilmente. Sabe, acho que esse passou a ser meu lema também. E pra não deixar o dia partir inutilmente não precisa acontecer algo grandioso. Você não precisa ganhar na loteria, ser promovido no emprego, ser pedido em casamento. Claro que tudo isso é realmente muito bom, mas às vezes, senão na maioria delas, são as coisas simples que fazem um dia valer a pena. Segunda meu dia valeu a pena por causa de uma conversa animada com minha colega de faculdade. Terça foi uma música que ouvi repetidas vezes. Quarta foi minha mãe me dizendo uma coisa engraçada. Quinta, meu dia valeu a pena por causa de uma desconhecida. Sexta foi uma conversa no fim do dia. E hoje, bom, hoje foi a música, uma palavra dita no momento certo, uma crônica no jornal, alguém que me fez sorrir, alguém. Hoje meu dia não vai partir inutilmente. E não precisou acontecer nada de extravagante pra isso. Foi simples. Aliás, foi simplesmente intenso. E você? Vai deixar seu dia partir inutilmente?

Texto escrito no dia 2 de julho de 2011.

domingo, 30 de outubro de 2011

subentendido

a gente não precisa se falar o tempo todo
nem dizer oi a todo momento
ou se olhar a cada segundo

eu sei que você está aí
você sabe que eu estou aqui
e isso é maior do que tudo

a gente não precisa de promessas
nem pactos ou coisas assim

eu sei que sou importante pra você
e você sabe que é tudo pra mim

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

(...)

A gente faz as coisas pra matar dentro da gente e morre junto. A gente faz pra ferir quem pouco sente nossa existência e vai, aos poucos, deixando de existir pra gente mesmo. A gente faz pra provar que também existe sem amor e acorda se procurando no dia seguinte. Era só pra ser algo divertido e vira um drama. O amor era pra ser amor e virou só um troço que acabou porque eu esqueci que era pra ser divertido e pensar isso do amor me ofende. Viver é duríssimo.

Tati Bernardi

sábado, 22 de outubro de 2011

To write love on her arms

Vou escrever amor nos seus braços
Vou dizer que amo seus olhos, sua boca, seus cabelos
Vou dizer que não preciso dizer nada pra você saber
Você sabe
E se não sabe, procure perceber
Enxergue, sem eu precisar dizer
Vou escrever amor nas paredes do seu quarto
Vou dizer adeus antes que os raios do sol apareçam na janela
Vou escrever com batom, no seu espelho,
o adeus mais lindo que alguém já escreveu
Vou dizer que sempre te amei
E você, nunca percebeu
Vou escrever amor nos seus braços

Uma marca sem fim, de algo que não teve começo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Para o garoto que morreu

Quase morri
chorei, gritei, sofri
te olhei e você nem viu
olhou pra garota do lado e sorriu.

Quase morri
tive pesadelos, suei frio
te liguei e você não atendeu
ligou pra garota da frente e me esqueceu.

Quase morri
mas foi então que resolvi sobreviver
em vez de morrer,
matei você.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Suspiro

tô aqui, cantando pra você baixinho, dando aquele sorrisinho de canto que você gosta, pensando na nossa diversão, te querendo mais que ontem e você, jogada, aí no seu canto, sabendo que te suspiro, não me dá bola, não me dá beijos, não me dá nada.

anda pela sua praia. eu tô esperando na calçada.


Caio Caprioli

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Para alguém que ainda não apareceu

Escreva uma música pra mim. Me liga pra pedir se eu estou bem, se eu preciso de alguma coisa, se você pode vir aqui. Vem aqui. Chega sem avisar, me faz uma surpresa. Coma macarrão comigo como naquele desenho da Dama e o Vagabundo. Cozinhe pra mim porque eu não sei cozinhar. Ria de mim por causa disso. Ria também porque minhas mãos são pequenas e parecem mãos de morto no inverno. Esquente-as. Segure-as. Me leve nos mesmos lugares de sempre, mas de vez em quando me leve em algum lugar que eu nunca fui. Me mostre coisas que eu nunca vi. Me faça viver o que eu ainda não vivi. Experimentar o que nunca provei. Diga que estou bonita. Reclame que eu demorei pra me arrumar. Se arrume pra mim. Goste dos meus tênis e não reclame por eu não gostar de usar salto. Me leve para os shows das minhas bandas preferidas, me leve para os shows das suas também. Me faça gostar do que você gosta, finja que gosta do que eu gosto também. Sorria pra mim. Me abrace. Deixe eu sentir seu cheiro, beijar seu pescoço, bagunçar seus cabelos. Não se assuste se eu tiver vontade de espremer suas espinhas. Me olhe nos olhos. Me mande uma carta de vez em quando. E leia as que eu te mandar. Me leve no estádio pra ver um jogo de futebol, torça comigo. Fale palavrões, me faça rir. Me mostre suas fotos antigas, me conte histórias sobre sua vida. Olhe as minhas, ria de quando eu era gordinha e ouça as minhas histórias também. Pergunte como foi meu dia. Me conte o seu. Me beije, me dê mordidinhas no pescoço. Assista um filme comigo debaixo das cobertas. Deixe eu te abraçar nos de terror, ria de mim quando eu chorar nos de drama. Ou chore comigo. Não tenha vergonha de chorar na minha frente. Por causa de um filme, ou de qualquer outra coisa. E aceite o fato de que eu sou chorona. Seque as lágrimas que escorrerem pelo meu rosto. Me faça sorrir no meio delas. Divida um fone de ouvido comigo, uma barra de chocolate, seu guarda-chuva. Me conte um segredo. Guarde os segredos que eu te contar. Respeite o amor que eu tenho pelos meus ídolos e não ria de algumas coisas idiotas que eu costumo chamar de sonhos. Diga que sou complicada e indecisa demais, mas aceite isso porque eu não vou mudar. Converse com os meus pais, jogue video game com o meu irmão, me apresente a sua família. Me convide pra sair. Acabe com os meus domingos de tédio. Faça amor comigo. Me deixe com vontade, me queira. Caminhe comigo pela areia, tome banho de mar comigo, tome banho comigo. Me conte uma piada, me faça rir com qualquer coisa. Jogue Guitar Hero comigo. Toque violão pra mim, tente me ensinar a tocar. Me toque. Me deixe arrepiada. Me dê flores ao menos uma vez. Me surpreenda. Durma comigo, me esquente nas noites frias. Encaixe seus pés nos meus, suas mãos nas minhas. Deixe eu enroscar minhas pernas nas suas. Respeite se eu não quiser. Me leve no parque nos dias de sol, brigue comigo porque eu não tomo chimarrão. Me ensine a ser menos tímida, a não ter vergonha, a ser quem eu sou. Goste de mim assim. Me beije na chuva, dance comigo mesmo que não saiba dançar. Pague uma bebida pra mim, fique bêbado comigo às vezes. Mas só às vezes. Deite comigo no chão da sala e ria de tudo que já vivemos. Me faça ter orgulho de você. Tenha orgulho de mim. Tire fotos minhas, tire fotos comigo. Viaje comigo um dia, sonhe comigo hoje. Mexa nas minhas coisas, deixe eu mexer nas suas. Diga que sou cheirosa, toque nos meus cabelos. Me fale coisas bonitas, me fale coisas engraçadas. Ouça o que eu tenho pra te dizer. Cante pra mim mesmo que não saiba cantar. Não peça pra eu me cuidar, cuide de mim. Diga que me ama só quando realmente sentir isso. Me faça te amar mais a cada dia. Escreva uma música pra mim.

Apareça.


Texto escrito no dia 8 de junho de 2011.

sábado, 8 de outubro de 2011

outra vez

eu tentei, mas não consegui
eu quis resistir, mas não pude
é mais forte que eu, me consome

sei que mais uma vez foi errado
sei que mais uma vez fiz papel de boba
e talvez você não me perdoe

mas saiba que tudo que eu faço
é porque sou fraca
e não resisto ao que sinto por você

mesmo sem saber o quê

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Texto errado

Erros. Já fazem parte da minha vida assim como o copo de água que tomo todos os dias antes de dormir, assim como a música que ouço o tempo todo. Já cometi tantos e sei que ainda há tantos a serem cometidos que eu já nem ligo. Ou tento não ligar. Me sinto mal às vezes por errar tanto, por saber como as coisas devem ser feitas e ainda assim fazer tudo diferente. Me sinto fora do mundo exatamente por não saber onde é meu lugar nele. Por achar que sei e depois ver que me enganei mais uma vez. Assim como me engano achando que dessa vez ele gosta de mim, que dessa vez a amizade é verdadeira e vai durar pra sempre. Eu vivo metendo os pés pelas mãos. Colocando o coração onde eu só deveria usar a cabeça. Me engasgando com as minhas próprias lágrimas quando eu deveria fingir um sorriso. Parecer normal. Ou pelo menos, um pouco menos complicada do que sou. Mas não dá. Sou assim, vivo errando. Aprendo com eles, mas aí surgem novos erros pra minha coleção. Sei que a vida é assim, que todo mundo erra e todo esse blábláblá clichê. E é por isso que eu não tô mais nem aí. Vou errar muito. Vou me enganar muito. Vou conhecer e me divertir com os caras errados até achar o certo. Vou fazer novos amigos que talvez não sejam tão amigos assim e viver dias bons com eles, sabendo que tenho aqueles verdadeiros que são pra sempre. Vou seguir pelos caminhos que eu acho que devo ir até achar aquele que é certo pra mim. Talvez o lugar que eu tanto procuro no mundo, seja simplesmente estar aqui e agora. E seguir em frente, não importa a direção. Vou errar muito ainda. Vou acertar algumas vezes. Vou me enganar com as pessoas, vou chorar. Vou rir com outras tantas. Vou cair e me esfolar toda, por dentro e por fora. Vou escrever sobre tudo isso em vez de falar. Vou passar por situações inusitadas e outras tantas clichês. Vou viver. E um dia olhar pra trás e lembrar de tudo. Porque eu, eu não esqueço de nada nem ninguém que passa pela minha vida. Então, por favor, não esqueça de mim.




Texto escrito no dia 27 de maio de 2011.

sábado, 1 de outubro de 2011

Game over

Acabou. Não sei se era só uma fase ou se isso é exatamente o que eu sou, mas de qualquer jeito, acabou. Passei dos limites, dos meus e também dos outros. Exagerei. Acabou. Agora preciso parar e procurar o que sobrou de mim no meio de tantas coisas que mesmo sendo eu não são o que eu sou de verdade. Eu não sou assim e não quero ser. Não quero mais. Acabou a brincadeira. Chega de tentar ser como todo mundo quando na verdade eu não sou nada disso e tenho nojo. Tenho nojo de quem quer ser como todo mundo. Tenho nojo de mim por querer ser como todo mundo às vezes. Mas eu não quero mais. Cansei. De fingir. De ser simpática com gente que eu não suporto. De ficar sentada quando eu queria dançar loucamente. De dançar quando a única coisa que eu queria era minha cama quentinha e meu travesseiro fofo. Acabou. Vou tirar férias. Talvez eu me demita também. Mas por enquanto é apenas um tempo pra eu voltar a ser o que eu sou de verdade. Pra eu enxergar novamente os meus limites e entender até onde eu posso ir. Preciso disso antes que eu passe tanto deles que não consiga mais voltar. E nem me encontrar. Então é isso. Acabou. Game over.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O que eu queria agora

Eu queria muita coisa. Eu queria uma barra de chocolate. E queria não me arrepender depois por ter comido uma barra de chocolate, nem achar que eu tô gorda e morrer de vontade de ir no banheiro vomitar, mesmo sabendo que eu não tenho coragem de botar o dedo na goela pra isso. Eu queria ter coragem pra botar o dedo na goela às vezes. Eu queria dormir porque eu tô morrendo de sono e amanhã eu tenho que acordar cedo. Mas eu também queria não ter que dormir. Às vezes eu acho que dormir é perda de tempo, mas às vezes eu queria dormir pra sempre. Tipo naqueles momentos em que eu sinto preguiça de viver. Tipo agora. Eu queria ser acordada por alguém me cutucando amanhã e não pelo meu celular berrando e vibrando loucamente. Eu queria que meu celular tocasse mais porque apesar de eu não gostar de falar no telefone seria bom saber que alguém gosta de falar comigo. Eu queria ouvir mais vezes alguém dizendo que só queria me ver. Que eu estou muito longe. Que eu sou linda. Eu queria abraçar todo mundo que eu sinto vontade de abraçar todos os dias. Eu queria dizer como meu coração começa a bater mais forte só de ver um certo par de olhos olhando para mim. Eu queria que algumas pessoas não tivessem vergonha do que sentem, do que falam e do que fazem. E eu queria entender porque eu, a pessoa mais tímida da face da Terra, não tem vergonha do que deveria ter. Deveria? Eu queria parar de escrever sobre mim. Mas aí eu penso: eu vou escrever sobre o quê? O mundo já tá tão sem graça, e aqui dentro de mim acontece tanta coisa que merece ser posta pra fora. Eu só sei escrever sobre mim e queria muito que as pessoas não achassem que eu sou louca por isso. Apesar de eu mesma achar isso na maioria das vezes. Eu queria um copo de Coca-Cola bem gelada. Eu queria saber porque eu tô com os fones no ouvido há quinze minutos se não tô escutando nenhuma música. Eu queria escutar música. Várias. Ou a mesma várias vezes. Eu queria apagar certas memórias que surgem na minha cabeça quando escuto algumas músicas. Eu queria parar de estragar músicas por causa de memórias ruins. Eu queria voltar no tempo só pra reviver os momentos bons e depois voltar pra onde eu tô porque apesar de tudo eu sei que tudo valeu a pena e de qualquer jeito era aqui que eu tinha que estar. Eu queria saber se a carta que eu mandei está mesmo guardada com carinho ou se foi jogada fora assim como eu. Eu queria saber se alguém pensa em mim antes de dormir. Se alguém pensa em mim. E minha mãe não conta. Eu queria tomar um banho de mar. Ficar horas no mar até os meus dedos murcharem. Eu queria que amanhã fizesse sol e que o tempo bom durasse até o fim de semana. Eu queria me jogar no chafariz lá da faculdade. Mas aí a minha loucura ia ser comprovada. Eu queria ler todos os livros que eu queria ler e ver todos os filmes que eu queria ver. Eu queria alguém pra ver comigo. Eu queria ser mais autossuficiente às vezes. Eu queria um beijo bem demorado, molhado e quente. Eu queria rir até doer a barriga. Eu queria que uma vez na vida um texto meu fizesse sentido. É, não foi dessa vez.

domingo, 25 de setembro de 2011

Sobre as coisas que eu odeio

Lendo um texto da Tati Bernardi, em que ela descreve todas as coisas que odeia, resolvi escrever o meu também. Sim, porque assim como você e o resto do mundo, eu também odeio diversas coisas e isso não é ruim. Sentir um pouco de ódio é mais um sinal de que você ainda está vivo, não só por fora, mas por dentro também.
Odeio ter que introduzir o assunto de um texto. E odeio mais ainda quando me falta inspiração para o resto dele. Odeio quem esquece meu aniversário e odeio lembrar do aniversário de todo mundo. Se duvidar, eu lembro até do aniversário de uma menina que foi minha colega no Ensino Fundamental. Odeio lembrar de tudo.
Odeio meninas que se fazem de santas e crentes e depois saem por aí querendo dar pra todo mundo. Odeio quem quer casar virgem e odeio mais ainda quem fica o tempo inteiro falando de Deus e religiões. Guarde suas crenças pra você e deixe as minhas em paz se não quiser que eu tenha um treco.
Odeio quando ligo o rádio e está tocando uma música que eu odeio, odeio gostar de músicas que eu deveria odiar. Odeio a programação da TV nos domingos e odeio mais ainda quando não tem Dança dos Famosos no Faustão. Odeio vendedoras de loja, principalmente aquelas que continuam me seguindo, mesmo depois de eu ter dito que só ia dar uma olhadinha.
Odeio inverno e o fato de ter que usar 453 blusas e jaquetas e calças e meias e botas e odeio mais ainda ter que tirar tudo isso só pra tomar banho. Odeio guarda-chuva; consequentemente, odeio chuva também. Odiarei um pouco menos quando alguém me roubar um beijo debaixo dela.
Odeio meninos que não sabem beijar sem babar ou morder a minha boca. E odeio aqueles que acham que vão me conquistar só porque tem dinheiro. Odeio mauricinhos, patricinhas, meninas que não repetem roupa, pagodeiros e funkeiros que parecem nunca ter sido apresentados aos fones de ouvido.
Odeio quem diz que eu falo pouco, que eu sou quieta e tímida demais. A minha vontade era mandar vocês tomarem naquele lugar. Odeio quem fala gírias demais e quem fala certo demais. Odeio não saber cantar e não ter coordenação motora pra tocar violão e pintar minhas unhas. Odeio quando não fazem festa surpresa pra mim. A única que eu tive, eu sabia desde o início que ia acontecer. Odiei isso. Odeio morar longe do centro e às vezes odeio não morar na capital e não ter dinheiro pra viajar pelo mundo.
Odeio ratos e borboletas. Odeio quem finge ser o que não é pra agradar os outros, odeio o fato de não conhecer nenhum cara que preste pra ser meu namorado. Odeio amar tanto algumas pessoas, sentir tanto ciúmes de quem não deveria e o fato de eu chorar por qualquer coisa.
Odeio apresentar trabalhos, falar no telefone e não saber passar delineador. Odeio quando a internet cai, quando meu pai me trata como criança e quando alguém finge que gosta de mim. Odeio refrigerante de uva, torta de aveia e qualquer tipo de salada. Odeio ser tão branca e não ter quase nada de peito.
Odeio filmes de ficção científica e mulheres oferecidas e que usam roupas vulgares demais. Odeio quem me dá esperanças e depois me chuta pra escanteio e odeio mais ainda continuar gostando de quem nem me dá esperanças. Odeio me apaixonar tão fácil.
Odeio não lembrar o que eu sonhei e não conseguir dormir justo quando eu tenho que acordar cedo. Odeio médicos, psicólogos e dentistas. Odeio sapatos de salto, perfumes doces demais e minha mãe dizendo que eu tenho que usar vestidos. Odeio que me comparem com alguém, odeio homens que só querem ir pra cama comigo e odeio mais ainda aqueles que nem cogitam essa possibilidade. Odeio homem forte demais.
Odeio quando falam mal das bandas que eu gosto, odeio qualquer tipo de preconceito e pessoas que tem vergonha de si mesmas. Odeio ter um pouco de nojo de algumas coisas e ao mesmo tempo morrer de vontade de fazê-las. Odeio ligação que é engano, gente burra, propaganda demais durante um programa de televisão e odeio abrir o jornal e só ler notícias ruins. Odeio quando estou na praia e chove e odeio quem vai pra praia e não quer entrar no mar.
Odeio picolé de limão, bala de cereja e qualquer coisa sabor canela. Odeio quando coloco o player no aleatório e só toca música que eu não quero ouvir, quando não lembro onde guardei alguma coisa e odeio mais ainda a capacidade que eu tenho de perder meus brincos. E de perder pessoas também.
Odeio algumas atitudes que eu tomo, algumas coisas que eu digo. Eu me odeio às vezes. E odeio quem viu o link desse texto e não leu. Não odeio você então. A não ser que você faça alguma das coisas citadas anteriormente. Aí, sinto muito, mas te odeio um pouquinho também.


Texto escrito no dia 21 de julho de 2011.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Involuntário

Você passa, sorri, eu sorrio pra você, você vai embora e aí, cinco minutos depois me dou conta de que ainda estou sorrindo. Por que você faz isso comigo? Por que eu faço isso?

E cadê você pra passar aqui de novo e me fazer sorrir pra sempre?

domingo, 18 de setembro de 2011

crazy

crazy é uma palavra que confere certo humor à loucura
parece que se é uma louca divertida, supercrazy, personagem de gibi
alegre, magnética, cabelo colorido, uma destrambelhada que ri

crazy é uma palavra que não descreve a minha inversão
sou louca em português, very absorta, nada institucional
desajuste silencioso, independente, que não se cura nem se cobre com bandeide

crazy não me entitulo, tenho a fachada sã e não trago o riso solto
meu desvio é genético, louca de berço, pura, sem aditivos
loucura genuína não se produz e a américa nada tem a ver com isso

crazy é bacana, crazyland, terra dos que estão em paz e fumam,
a noite inteira gargalhando, beijando-se uns aos outros, just fun
o que sinto é mais uterino, absolutamente pessoal e profano

crazy, sou às vezes
louca, doze meses por ano

Martha Medeiros

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Que porra é essa?

Tentei entender o que eu estava sentindo naquele momento. Tentei entender por que eu reagi daquela forma, por que eu me senti bem, por que eu me senti mal, por que eu quis correr pra bem longe, por que eu quis ficar lá e te abraçar bem forte, por que eu sorri, por que eu chorei. Tentei entender por que em poucas horas eu tive as mais variadas reações em relação a alguma coisa que nem eu sabia que seria capaz de me provocar algum tipo de sentimento, dor, alegria, ou seja lá o que foi que eu senti. Tentei entender e sabe, desisti. Eu não entendo. Eu não me entendo. Eu sei quem sou, mas não sei mais quem eu estou sendo. Eu sei o que eu quero, mas às vezes acho que quero algo totalmente diferente. E aí quando consigo isso percebo que quero de volta o que eu queria antes. Não, eu também não entendi o que eu quis dizer. Mentira, eu entendi sim, mas fingi que não porque é o que eu faço às vezes. Eu finjo. Eu finjo que não sei o que eu tô sentindo quando na verdade eu sei exatamente o que se passa dentro de mim. Eu finjo que não gosto quando na verdade eu amo. Eu finjo que estou bem quando a minha vontade era de explodir em prantos. Eu finjo que entendo quando na verdade eu queria erguer a minha mão e dar um tapa bem forte em tantas caras hipócritas que passam por mim. Eu finjo que sou boazinha, que sou fofa, que sou assim quando na verdade eu sou essa menina ridícula, cheia de raiva guardada e que não sabe porra nenhuma da vida e ainda assim continua escrevendo sobre ela como se soubesse tudo. Eu não sei nada. Eu não sei nem que porra era aquela que invadiu meu peito quando eu vi que, aquilo que eu nunca tive, realmente não era meu. Que eu não podia mais querer aquilo que eu sempre quis mesmo sem saber que eu queria. Na verdade eu ainda não sei. Mas sei que já falei isso e essa porra de texto tá ficando repetitivo assim como os tombos que eu levo toda vez que resolvo mostrar pro mundo quem eu sou e percebo que ninguém gosta de mostrar quem realmente é e por isso não gostam que eu mostre também. Mas eu quero que tudo exploda. Eu quero que explodam todas as máscaras e maquiagens e disfarces e fantasias que vocês usam pra se esconder. Eu quero que vire pó e desapareça no ar toda a hipocrisia e que vocês finalmente mostrem o que são. Vocês não queriam que eu falasse? Então por que agora me mandam calar a boca? Então por que agora são vocês que não falam nada? Vocês só sabem pedir se está tudo bem. Sim, está tudo bem. Eu só estou aqui escrevendo besteiras quando eu deveria estar dormindo, mas está tudo bem. Eu só estou aqui chorando por algo idiota e sem futuro nenhum, mas está tudo bem. Está sempre tudo bem. As pessoas é que são complicadas demais e acabam complicando tudo. Tipo eu, nesse momento. Mas eu gosto disso. Apesar de me fazer mal às vezes, eu gosto mesmo dessa porra toda e morro de rir quando percebo que escrevi um texto com pelo menos cinco porras no meio. Eu definitivamente não era assim. Mas quer saber? Agora tô gostando muito mais de mim.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Tereza e um milésimo de segundo

O tempo todo escuto das mais variadas pessoas uma mesma observação: você é, você é... diferente.

Algumas dizem isso com a cara assustada, como se não soubessem lidar com alguém que escreve com tanta transparência sobre a própria vida. Será que, se eu der bom dia para essa menina, ela vai escrever um conto sobre mim?

Me olham como se eu fosse perigosa, louca, estranha.

Outras me olham como se tirassem sarro de mim, como se dissessem, sem dizer, que, já que eu resolvi deixar minha alma pelada por aí, eu mereço mais é que riam mesmo dos meus defeitos. E no fundo, essas pessoas, eu sempre soube, morrem de medo de ver alguém tão parecido com elas exposto ao mundo da maneira mais humana possível. Com celulites, manias, medo de não ser amada, fracassos, vitórias alarmadas sem medo do egocentrismo e desejos estranhos.
Tem também um ou outro mais limitado que não entende absolutamente nada do que eu escrevo e me pergunta "Mas e aí? Quando você casar, tiver filhos... vai escrever sobre o quê?", achando que a busca ou a angústia por algo inexplicável (e basta estar vivo para sentir tudo isso) acabam com alguma decisão como assinar um papel. (...)

Eu, do fundo do meu coração, tenho um orgulho absurdo de ser quem eu sou. Tenho um orgulho absurdo de transformar tudo o que dói em mim em poesia, ao invés de sair transando com o primeiro babaca (não que eu já não tenha feito isso e escrito sobre isso e blá-blá- blá...), encher a cara, me drogar ou simplesmente fazer de conta que nada está acontecendo, nada me atinge e eu sou superior a dor. Dói mesmo, eu me apaixono mesmo, eu sou intensa mesmo, eu me ferro mesmo, às vezes eu ferro as pessoas mesmo. Tudo é bom, tudo é vazio, tudo é bom de novo. Viver é um absurdo e não dá pra passar por isso tão ileso.

Mas do que tenho orgulho mesmo é de ter construído um mundo onde qualquer pessoa, da mais incrível à mais idiota, possa virar personagem. E de ter construído um mundo onde todos os sentimentos viram enredos com trilhas e a direção de arte certa. Dos sentimentos mais banais àqueles que nos fazem querer se rasgar inteira ou abraçar o mundo. Um mundo onde o por acaso, o cotidiano, o qualquer, o cinza, tudo pode ser motivo para gostar mais ou sentir mais a vida.

E nesse mundo, onde as pessoas acham que eu vivo nua para quem quiser me ver de todos os ângulos e me explorar e me sentir e me provar e me sacanear. Nesse mundo, eu vivo bem escondida e protegida. Ou você achou mesmo que eu construiria um castelo tão escancarado sem ter pensado na fortaleza perfeita para mantê-lo intacto?

Tati Bernardi

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Monday

Acordei antes do despertador do celular tocar. Antes do menino bonito daquela banda legal cantar que espera não ter me acordado, mas só queria dizer bom dia e me deixar um beijo mesmo sem saber com quem eu sonhei. Essa noite sonhei com amores platônicos. E isso não é ruim, isso não é deprimente, isso me faz acordar sorrindo. Rindo da minha própria infantilidade. É bom continuar sendo criança pelo menos nos sonhos, apesar de que eu continue sendo uma quando estou acordada também. Desliguei o despertador sem nem deixar o moço bonito começar a cantar, levantei, coloquei minhas meias e lá estava eu. Pronta pra mais uma segunda-feira. Mais uma semana. Daquelas que prometem ser uma das piores da vida inteira. Mas aí eu olho pra fora da janela e vejo um sol lindo, um céu azul lindo e me pergunto como um dia lindo daqueles pode ser ruim. Não pode. Não tem como. E sabe, não foi. Banho quentinho. Sorvete de sobremesa no almoço. Conversas animadas no trabalho. Conversas mais animadas ainda depois do trabalho. Cerveja com os amigos. Sim, em plena segunda-feira. Lua gigante e linda no céu azul em degradê, se é que essa palavra ainda existe. Sentimentos escondidos e ao mesmo tempo escancarados em sorrisos, abraços e pacotes de biscoito divididos. Coisas inesperadas, elogios mais inesperados ainda. Um dia tão bom que eu até esqueci que era segunda e já estava até combinando a festa de amanhã, opa, de sábado. E agora estou aqui. Debaixo das cobertas, fazendo o que eu não resisto que é escrever e pensando seriamente em ir dormir dentro de alguns minutos. Porque amanhã pode até não ser tão bom quanto hoje, nem quarta e nem quinta, mas quem liga. Eu só espero continuar acordando feliz todas as manhãs com o menino bonito cantando que não queria ter me acordado. Quem sabe um dia eu não ouço isso de um menino bem mais bonito e aqui do meu lado. E esse com certeza vai dizer bom dia, me dar um beijo e vai saber exatamente com quem eu sonhei.
Olha eu e meus amores platônicos outra vez.
Não disse que a infantilidade atravessava a barreira dos sonhos?

domingo, 11 de setembro de 2011

Somos frágeis.

É isso que percebo e tenho mais certeza a cada dia. Um dia se passa, um minuto depois, um segundo que passou e já não estamos mais aqui. O fim chega num piscar de olhos. A morte faz a gente fechar os nossos.

E nunca mais poder ver aqueles que, antes, brilhavam ao olhar pra gente.

Nasci pra isso.

Eu nasci pra escrever. E não digo isso porque acho meus textos ótimos, muito pelo contrário, ultimamente estou achando todos um verdadeiro lixo e sei que ainda preciso melhorar muito. Mas andei pensando e percebi que eu realmente nasci pra isso. Eu sinto demais, eu coloco sentimento em tudo, até mesmo nas banalidades, e não dá pra guardar isso só pra mim. Eu vejo tudo com um olhar meio romântico. Não sei escrever poesias, mas vejo poesia em tudo.
Uma criança que me olha e sorri. Uma mulher bonita e aparentemente feliz ouvindo música nos seus fones de ouvido. O pôr-do-sol, a chuva, os raios de sol entrando pela janela, o céu. Pessoas dançando loucamente uma música que elas nem conhecem. Pessoas felizes simplesmente porque uma determinada música começou a tocar na festa. Conversas de banheiro. Alguém que lembrou de mim. Uma barra de chocolate deixada em cima da minha mesa. Um sorriso, não importa de quem. O vento batendo na cara. O vento bagunçando meus cabelos. Alguém rindo de algo que eu falei. Alguém me fazendo rir. Um abraço. Um gol nos minutos finais de um jogo. Um filme que me faz chorar. Um filme que me faz rir. Alguém secando minhas lágrimas. Uma mulher grávida. Me lambuzar tomando sorvete. Sair bem numa foto. Sair mal numa foto. Falar o que penso. Não falar nada. Um menino tocando violão. Cantar. Ouvir alguém cantar. Beijar. Frio na barriga. Comida boa. O último capítulo da novela. Pessoas que me fazem bem. Brincos perdidos. Unhas descascadas. O perfume de alguém. Uma mensagem inesperada. Surpresas. Uma senhora de idade com dificuldade pra andar, mas com um sorriso enorme no rosto. Pessoas que reencontro depois de muito tempo. Coisas que reencontro depois de muito tempo. Dores. Algo que eu nunca pensei que sentiria e senti. Um menino que escreve coisas lindas. Uma carta enviada pelo correio em plena era digital. Ligar o rádio e estar tocando a minha música preferida. Coincidências. Corações partidos. O despertador tocando de manhã. Um banho de mar. Andar descalço. Ficar com a pele queimada do sol. Um bebê chorando. Qualquer pessoa chorando. Sentimentos inesperados. Frases escritas na última folha do caderno. Textos escritos num blog. Entrelinhas. Balas de morango. Banho demorado. Alguém que me faz feliz.
Eu vejo poesia em tudo. Eu sinto tudo com uma intensidade impossível de medir e me sufocaria se não colocasse tudo isso pra fora. Por isso eu escrevo. Só assim eu me descubro, eu me revelo, eu mostro quem sou e o que penso, eu faço terapia sem gastar nenhum centavo, eu choro, eu rio, eu me livro do peso de alguns sentimentos, eu sinto. Não sei viver sem escrever. Eu sou aquilo que escrevo. Se me exponho, se passo dos limites? Sim, com certeza. Mas é o preço que se paga por ter nascido pra isso. E eu, definitivamente, nasci pra escrever. Não sei ser de outro jeito.

E lá se vai mais um texto lixo.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Dia cinza.

E mais uma vez o sol não apareceu. Mais um dia cinza e nublado pra acabar com os planos de duas meninas que não sabem bem o que querem. Ou talvez elas saibam. Mas o universo insiste em mandar sinais de que isso não é o certo. Pingos de chuva vão surgir a qualquer momento, assim como surgiram da outra vez. O céu vai ficar cada vez mais escuro, como se já fosse noite, apesar de não ser nem duas da tarde, e a já conhecida dificuldade de olhar as horas só vai piorar. Não vai haver luz, nem grama, nem um dia bonito no parque, conversas engraçadas, olhares quase constrangedores, toques quase imperceptíveis, calor, presença. Não vai haver presença. Não vão poder sentir o vento batendo na cara, o sol queimando a pele. Mais uma vez as nuvens acabaram com os planos de duas meninas que sentem demais, que querem demais sem ao menos saber o que querem. Ou talvez elas saibam. Mas há tantas pessoas, tantos lugares, infinitas possibilidades. Há tantos momentos, tantas palavras jogadas ao vento, tantos olhares alheios. Há tanta coisa que fica difícil dizer o que é certo. Elas sabem, mas não dizem. Elas querem, mas o sol resolveu se enconder hoje e junto com ele foram os sentimentos dessas duas meninas. Sentimentos escondidos embaixo da cama, do travesseiro, dos cabelos e dos moletons. Sentimentos que estão nas entrelinhas de músicas cantadas numa sexta-feira e de textos escritos em um feriado nublado e cinza. Sentimentos que existem e estão aí pra quem quiser ver. Mas elas ainda estão de olhos fechados.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Angústia.

Quando você precisa fugir de um assunto, todos parecem falar sobre ele. O que fazer com a angústia, o medo, a insegurança? O que fazer com o tempo que não passa e não te traz as respostas? Quando você precisa fugir de um assunto, todos falam sobre ele. Mas ninguém responde tuas perguntas. Ninguém te diz o que fazer. Ninguém te diz que a tua insegurança não tem fundamento, que é inútil se preocupar. Eles te deixam mais preocupada ainda, eles não param de falar. Eles te olham e não veem.

domingo, 4 de setembro de 2011

4 de setembro.

"Fico feliz só de falar contigo. No meio de tudo que aconteceu, tu me conforta."

Fui dormir, depois de ler essa frase. Fui dormir, depois de ler tanta coisa, ver tanta coisa, sentir mais ainda.
Ainda não sei o que sinto, o que você me faz sentir.
Ainda não sei porque foi tão bom colocar minha cabeça no seu ombro, sentir seu perfume, mexer nos seus cabelos.
Ainda não sei porque eu não consigo me irritar com você, nem quando você tem o seu ciúme bobo, nem quando ri das minhas bochechas vermelhas.
Ainda não sei porque começo a sorrir quando te vejo, porque torço pra você sentar sempre do meu lado, porque queria que as suas indiretas fossem pra mim.
Ainda não sei como gosto de você, mas sei que gosto.
Ainda não sei tantas coisas.
Queria saber, às vezes.
Mas às vezes não.
Cheguei à conclusão de que é melhor nem entender.

Fui dormir, depois de falar com você, e dormi feliz.
Dormi sem querer saber.
Dormi.
E sonhei com você.

Nos sonhos, na realidade, na sexta-feira ou na madrugada de terça. Não importa, você já é meu ponto de paz.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Doce.

Ela era doce.
Irritantemente doce.
E um pouco chata.
Quase insuportável.

Charmosa, maliciosa e nem um pouco boba.
Ciumenta.
Chata.
Mas irritantemente doce.

Só que o doce, um dia, acabou-se.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Tão pequenos.

Somos tão pequenos perto desse céu azul, que agora estampa um lindo pôr-do-sol.
Somos tão pequenos diante do mundo e dos problemas que existem nele. E mesmo sabendo que somos assim, tão pequenos, ainda enxergamos nossos próprios problemas como se eles fossem os maiores de todos. Vamos abrir nosso olhos para o mundo. Ou então, pelo menos, vamos abrir o jornal.
Nesse mesmo momento, milhares de pessoas estão sofrendo e enfrentando enchentes, secas, terremotos, desmoronamentos e outros inúmeros problemas, naturais ou não. Muitos estão perdendo suas casas, roupas, objetos importantes, lembranças da infância, brinquedos e outros estão perdendo pessoas. Pessoas importantes na vida de cada um, mãe, pai, irmãos, filhos, amigos... pessoas que a gente não dá valor às vezes, mas que morreríamos para salvá-los se pudéssemos.
E isso é o pior de tudo. Nós não podemos. Somos tão frágeis em alguns sentidos, incapazes de mudar a ordem das coisas, não podemos evitar que algo de ruim aconteça com aqueles que amamos e nem evitar que algo aconteça a nós mesmos. Podemos, sim, fazer nossas próprias escolhas, porém às vezes elas não bastam para mudar algumas coisas. Mas o mais incrível e talvez até fascinante é que mesmo sendo tão frágeis nós ainda conseguimos ser fortes.
É, somos fortes, sim. Somos fortes porque mesmo não podendo mudar as coisas, nós enfrentamos os problemas que surgem. Todas essas pessoas que estão perdendo suas casas, assim que o momento de tristeza e desilusão passar, vão encontrar forças para recontruí-las, para começar tudo de novo, mesmo que algumas coisas não voltem mais, mesmo que nada mais seja como era antes.
E essa é a melhor parte de ser humano. Ser tão frágil e ao mesmo tempo tão forte. Desmoronar em frente a um problema, mas em seguida se erguer para enfrentá-lo da melhor maneira possível. Chorar pelas coisas que perdemos, mas depois sorrir por saber que logo o sol vai nascer novamente e nossos olhos vão brilhar ao ver o nascer de mais um dia, o nascer de mais uma chance para recomeçar.
Assim como os meus olhos estão brilhando agora, ao ver esse sol se pôr. Mais um dia está chegando ao fim e sinto uma emoção e uma gratidão dentro de mim, por meus problemas serem tão pequenos perto de muitos que existem por aí. Mas tenho certeza que os enfrentaria se eles fossem meus. Porque sou humana e encontaria forças para levantar, mesmo se a queda fosse feia.
Somos tão pequenos. Mas se abrirmos os olhos, veremos que também somos grandes.

(Texto escrito no dia 26 de janeiro de 2010)

domingo, 28 de agosto de 2011

Sem pensar.

Chegou tão perto, mas tão perto que era quase impossível respirar.
Chegou tão perto que ela não conseguia nem pensar.

Mais um passo e ela estava ainda mais perto.
E aí já era tarde pra voltar.
Tarde pra dar um passo atrás.
Tarde pra dizer que não queria mais.

Fez que sim com a cabeça, fechou os olhos e aconteceu.
Do mundo ao redor, naquele momento, esqueceu.
Estavam tão perto que tudo desapareceu.

Era impossível respirar.
E ela não queria mais pensar.