quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sobre loucos e curiosos

Há muito tempo ouço a mesma pergunta toda vez que encontro ou reencontro alguém depois
de um tempo. É uma pergunta que me faz achar que minha vida é a mais monótona possível, pois na hora nunca sei o que responder. As pessoas simplesmente querem saber quais são as minhas novidades, o que há de novo para contar. Eu fico lá pensando se falo que uma noite, quando eu era pequena, levantei pra ir no banheiro e desmaiei no meio do caminho ou se conto que aos 12 anos de idade caí e ralei todo o joelho, tendo que ir até em casa com sangue escorrendo pela perna.
É claro que eu sei que não é esse tipo de acontecimento que as pessoas querem saber. Até
porque, nada disso é novidade, aconteceu há algum tempo e não interessa muito a ninguém. Mas já estou tão cansada de ter que contar os últimos fatos da minha vida que estou pensando seriamente em botar esse plano em prática e relatar acontecimentos antigos pra ver se assim deixo os curiosos cansados de mim. Com toda a certeza, vão achar que eu sou louca. Mas quem não é um pouco louco hoje em dia?
Essa pergunta sobre as novidades é só uma em meio a tantas que me surgem diariamente.
Não só perguntas, como atitudes estranhas e duvidosas. Fico pensando se estou mesmo no lugar que deveria estar, se me mandaram pro mundo certo ou se estou há 19 anos perdida num hospício. Pessoas querendo se matar por motivos banais, chegando em casa e tomando quantidades absurdas de remédios para poder esquecer os problemas. Mas de que adianta esquecer os problemas e, dessa forma, esquecer também as coisas boas? O que uma droga ou algo do tipo pode ajudar na sua vida? Na minha, nada. Eu prefiro ouvir uma música, conversar com alguém que me faça bem, assistir um seriado legal ou qualquer outra coisa que me anime ou até mesmo algo triste que me faça curtir a fossa. É, talvez eu seja um pouco louca nesse ponto também. Mas nem só de momentos alegres é feita a vida e eu prefiro viver intensamente todos eles. Prefiro ser louca e feliz do que enlouquecer com drogas e no dia seguinte esquecer de tudo que fiz.
Talvez tudo isso que eu esteja escrevendo não faça o menor sentido para você. Ou talvez
seja aquele velho problema de interpretação. As palavras são muito mal interpretadas pelas pessoas. Não são exatas como os números, são humanas assim como nós. Por isso, você pode ter entendido mal tudo que escrevi até aqui. Pode pensar que estou irritada com as pessoas que querem saber minhas novidades e que tenho medo de pessoas loucas. Se for assim, então estou irritada comigo mesma e morro de medo de mim. Pois é, o que mais nos incomoda nos outros são coisas que nós mesmos fazemos frequentemente. O motivo? Já mencionei, mas repito para não haver nenhum mal entendido: somos loucos. E isso não é novidade nenhuma.

*Texto ispirado nas crônicas “Pergunta e Resposta”, “Fuga do Hospício” e “Analfabetismo” de Machado de Assis e escrito para um trabalho da faculdade.

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