segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Antes que o dia acabe

De vez em quando acontecem coisas que fazem você se sentir vivo de verdade. Pode ser qualquer coisa. Uma música, uma palavra dita no momento certo, uma crônica do jornal, um sorriso de alguém que você ama, alguém que você ama te fazendo sorrir, alguém. De repente, num dia chuvoso e frio, alguma coisa deixa teu mundo mais ensolarado. Te esquenta. Não por fora, mas por dentro. Outro dia estava lendo uma crônica da Martha Medeiros e lá ela dizia que o lema da vida dela é não deixar o dia partir inutilmente. Sabe, acho que esse passou a ser meu lema também. E pra não deixar o dia partir inutilmente não precisa acontecer algo grandioso. Você não precisa ganhar na loteria, ser promovido no emprego, ser pedido em casamento. Claro que tudo isso é realmente muito bom, mas às vezes, senão na maioria delas, são as coisas simples que fazem um dia valer a pena. Segunda meu dia valeu a pena por causa de uma conversa animada com minha colega de faculdade. Terça foi uma música que ouvi repetidas vezes. Quarta foi minha mãe me dizendo uma coisa engraçada. Quinta, meu dia valeu a pena por causa de uma desconhecida. Sexta foi uma conversa no fim do dia. E hoje, bom, hoje foi a música, uma palavra dita no momento certo, uma crônica no jornal, alguém que me fez sorrir, alguém. Hoje meu dia não vai partir inutilmente. E não precisou acontecer nada de extravagante pra isso. Foi simples. Aliás, foi simplesmente intenso. E você? Vai deixar seu dia partir inutilmente?

Texto escrito no dia 2 de julho de 2011.

domingo, 30 de outubro de 2011

subentendido

a gente não precisa se falar o tempo todo
nem dizer oi a todo momento
ou se olhar a cada segundo

eu sei que você está aí
você sabe que eu estou aqui
e isso é maior do que tudo

a gente não precisa de promessas
nem pactos ou coisas assim

eu sei que sou importante pra você
e você sabe que é tudo pra mim

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

(...)

A gente faz as coisas pra matar dentro da gente e morre junto. A gente faz pra ferir quem pouco sente nossa existência e vai, aos poucos, deixando de existir pra gente mesmo. A gente faz pra provar que também existe sem amor e acorda se procurando no dia seguinte. Era só pra ser algo divertido e vira um drama. O amor era pra ser amor e virou só um troço que acabou porque eu esqueci que era pra ser divertido e pensar isso do amor me ofende. Viver é duríssimo.

Tati Bernardi

sábado, 22 de outubro de 2011

To write love on her arms

Vou escrever amor nos seus braços
Vou dizer que amo seus olhos, sua boca, seus cabelos
Vou dizer que não preciso dizer nada pra você saber
Você sabe
E se não sabe, procure perceber
Enxergue, sem eu precisar dizer
Vou escrever amor nas paredes do seu quarto
Vou dizer adeus antes que os raios do sol apareçam na janela
Vou escrever com batom, no seu espelho,
o adeus mais lindo que alguém já escreveu
Vou dizer que sempre te amei
E você, nunca percebeu
Vou escrever amor nos seus braços

Uma marca sem fim, de algo que não teve começo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Para o garoto que morreu

Quase morri
chorei, gritei, sofri
te olhei e você nem viu
olhou pra garota do lado e sorriu.

Quase morri
tive pesadelos, suei frio
te liguei e você não atendeu
ligou pra garota da frente e me esqueceu.

Quase morri
mas foi então que resolvi sobreviver
em vez de morrer,
matei você.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Suspiro

tô aqui, cantando pra você baixinho, dando aquele sorrisinho de canto que você gosta, pensando na nossa diversão, te querendo mais que ontem e você, jogada, aí no seu canto, sabendo que te suspiro, não me dá bola, não me dá beijos, não me dá nada.

anda pela sua praia. eu tô esperando na calçada.


Caio Caprioli

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Para alguém que ainda não apareceu

Escreva uma música pra mim. Me liga pra pedir se eu estou bem, se eu preciso de alguma coisa, se você pode vir aqui. Vem aqui. Chega sem avisar, me faz uma surpresa. Coma macarrão comigo como naquele desenho da Dama e o Vagabundo. Cozinhe pra mim porque eu não sei cozinhar. Ria de mim por causa disso. Ria também porque minhas mãos são pequenas e parecem mãos de morto no inverno. Esquente-as. Segure-as. Me leve nos mesmos lugares de sempre, mas de vez em quando me leve em algum lugar que eu nunca fui. Me mostre coisas que eu nunca vi. Me faça viver o que eu ainda não vivi. Experimentar o que nunca provei. Diga que estou bonita. Reclame que eu demorei pra me arrumar. Se arrume pra mim. Goste dos meus tênis e não reclame por eu não gostar de usar salto. Me leve para os shows das minhas bandas preferidas, me leve para os shows das suas também. Me faça gostar do que você gosta, finja que gosta do que eu gosto também. Sorria pra mim. Me abrace. Deixe eu sentir seu cheiro, beijar seu pescoço, bagunçar seus cabelos. Não se assuste se eu tiver vontade de espremer suas espinhas. Me olhe nos olhos. Me mande uma carta de vez em quando. E leia as que eu te mandar. Me leve no estádio pra ver um jogo de futebol, torça comigo. Fale palavrões, me faça rir. Me mostre suas fotos antigas, me conte histórias sobre sua vida. Olhe as minhas, ria de quando eu era gordinha e ouça as minhas histórias também. Pergunte como foi meu dia. Me conte o seu. Me beije, me dê mordidinhas no pescoço. Assista um filme comigo debaixo das cobertas. Deixe eu te abraçar nos de terror, ria de mim quando eu chorar nos de drama. Ou chore comigo. Não tenha vergonha de chorar na minha frente. Por causa de um filme, ou de qualquer outra coisa. E aceite o fato de que eu sou chorona. Seque as lágrimas que escorrerem pelo meu rosto. Me faça sorrir no meio delas. Divida um fone de ouvido comigo, uma barra de chocolate, seu guarda-chuva. Me conte um segredo. Guarde os segredos que eu te contar. Respeite o amor que eu tenho pelos meus ídolos e não ria de algumas coisas idiotas que eu costumo chamar de sonhos. Diga que sou complicada e indecisa demais, mas aceite isso porque eu não vou mudar. Converse com os meus pais, jogue video game com o meu irmão, me apresente a sua família. Me convide pra sair. Acabe com os meus domingos de tédio. Faça amor comigo. Me deixe com vontade, me queira. Caminhe comigo pela areia, tome banho de mar comigo, tome banho comigo. Me conte uma piada, me faça rir com qualquer coisa. Jogue Guitar Hero comigo. Toque violão pra mim, tente me ensinar a tocar. Me toque. Me deixe arrepiada. Me dê flores ao menos uma vez. Me surpreenda. Durma comigo, me esquente nas noites frias. Encaixe seus pés nos meus, suas mãos nas minhas. Deixe eu enroscar minhas pernas nas suas. Respeite se eu não quiser. Me leve no parque nos dias de sol, brigue comigo porque eu não tomo chimarrão. Me ensine a ser menos tímida, a não ter vergonha, a ser quem eu sou. Goste de mim assim. Me beije na chuva, dance comigo mesmo que não saiba dançar. Pague uma bebida pra mim, fique bêbado comigo às vezes. Mas só às vezes. Deite comigo no chão da sala e ria de tudo que já vivemos. Me faça ter orgulho de você. Tenha orgulho de mim. Tire fotos minhas, tire fotos comigo. Viaje comigo um dia, sonhe comigo hoje. Mexa nas minhas coisas, deixe eu mexer nas suas. Diga que sou cheirosa, toque nos meus cabelos. Me fale coisas bonitas, me fale coisas engraçadas. Ouça o que eu tenho pra te dizer. Cante pra mim mesmo que não saiba cantar. Não peça pra eu me cuidar, cuide de mim. Diga que me ama só quando realmente sentir isso. Me faça te amar mais a cada dia. Escreva uma música pra mim.

Apareça.


Texto escrito no dia 8 de junho de 2011.

sábado, 8 de outubro de 2011

outra vez

eu tentei, mas não consegui
eu quis resistir, mas não pude
é mais forte que eu, me consome

sei que mais uma vez foi errado
sei que mais uma vez fiz papel de boba
e talvez você não me perdoe

mas saiba que tudo que eu faço
é porque sou fraca
e não resisto ao que sinto por você

mesmo sem saber o quê

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Texto errado

Erros. Já fazem parte da minha vida assim como o copo de água que tomo todos os dias antes de dormir, assim como a música que ouço o tempo todo. Já cometi tantos e sei que ainda há tantos a serem cometidos que eu já nem ligo. Ou tento não ligar. Me sinto mal às vezes por errar tanto, por saber como as coisas devem ser feitas e ainda assim fazer tudo diferente. Me sinto fora do mundo exatamente por não saber onde é meu lugar nele. Por achar que sei e depois ver que me enganei mais uma vez. Assim como me engano achando que dessa vez ele gosta de mim, que dessa vez a amizade é verdadeira e vai durar pra sempre. Eu vivo metendo os pés pelas mãos. Colocando o coração onde eu só deveria usar a cabeça. Me engasgando com as minhas próprias lágrimas quando eu deveria fingir um sorriso. Parecer normal. Ou pelo menos, um pouco menos complicada do que sou. Mas não dá. Sou assim, vivo errando. Aprendo com eles, mas aí surgem novos erros pra minha coleção. Sei que a vida é assim, que todo mundo erra e todo esse blábláblá clichê. E é por isso que eu não tô mais nem aí. Vou errar muito. Vou me enganar muito. Vou conhecer e me divertir com os caras errados até achar o certo. Vou fazer novos amigos que talvez não sejam tão amigos assim e viver dias bons com eles, sabendo que tenho aqueles verdadeiros que são pra sempre. Vou seguir pelos caminhos que eu acho que devo ir até achar aquele que é certo pra mim. Talvez o lugar que eu tanto procuro no mundo, seja simplesmente estar aqui e agora. E seguir em frente, não importa a direção. Vou errar muito ainda. Vou acertar algumas vezes. Vou me enganar com as pessoas, vou chorar. Vou rir com outras tantas. Vou cair e me esfolar toda, por dentro e por fora. Vou escrever sobre tudo isso em vez de falar. Vou passar por situações inusitadas e outras tantas clichês. Vou viver. E um dia olhar pra trás e lembrar de tudo. Porque eu, eu não esqueço de nada nem ninguém que passa pela minha vida. Então, por favor, não esqueça de mim.




Texto escrito no dia 27 de maio de 2011.

sábado, 1 de outubro de 2011

Game over

Acabou. Não sei se era só uma fase ou se isso é exatamente o que eu sou, mas de qualquer jeito, acabou. Passei dos limites, dos meus e também dos outros. Exagerei. Acabou. Agora preciso parar e procurar o que sobrou de mim no meio de tantas coisas que mesmo sendo eu não são o que eu sou de verdade. Eu não sou assim e não quero ser. Não quero mais. Acabou a brincadeira. Chega de tentar ser como todo mundo quando na verdade eu não sou nada disso e tenho nojo. Tenho nojo de quem quer ser como todo mundo. Tenho nojo de mim por querer ser como todo mundo às vezes. Mas eu não quero mais. Cansei. De fingir. De ser simpática com gente que eu não suporto. De ficar sentada quando eu queria dançar loucamente. De dançar quando a única coisa que eu queria era minha cama quentinha e meu travesseiro fofo. Acabou. Vou tirar férias. Talvez eu me demita também. Mas por enquanto é apenas um tempo pra eu voltar a ser o que eu sou de verdade. Pra eu enxergar novamente os meus limites e entender até onde eu posso ir. Preciso disso antes que eu passe tanto deles que não consiga mais voltar. E nem me encontrar. Então é isso. Acabou. Game over.