quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O que eu queria agora

Eu queria muita coisa. Eu queria uma barra de chocolate. E queria não me arrepender depois por ter comido uma barra de chocolate, nem achar que eu tô gorda e morrer de vontade de ir no banheiro vomitar, mesmo sabendo que eu não tenho coragem de botar o dedo na goela pra isso. Eu queria ter coragem pra botar o dedo na goela às vezes. Eu queria dormir porque eu tô morrendo de sono e amanhã eu tenho que acordar cedo. Mas eu também queria não ter que dormir. Às vezes eu acho que dormir é perda de tempo, mas às vezes eu queria dormir pra sempre. Tipo naqueles momentos em que eu sinto preguiça de viver. Tipo agora. Eu queria ser acordada por alguém me cutucando amanhã e não pelo meu celular berrando e vibrando loucamente. Eu queria que meu celular tocasse mais porque apesar de eu não gostar de falar no telefone seria bom saber que alguém gosta de falar comigo. Eu queria ouvir mais vezes alguém dizendo que só queria me ver. Que eu estou muito longe. Que eu sou linda. Eu queria abraçar todo mundo que eu sinto vontade de abraçar todos os dias. Eu queria dizer como meu coração começa a bater mais forte só de ver um certo par de olhos olhando para mim. Eu queria que algumas pessoas não tivessem vergonha do que sentem, do que falam e do que fazem. E eu queria entender porque eu, a pessoa mais tímida da face da Terra, não tem vergonha do que deveria ter. Deveria? Eu queria parar de escrever sobre mim. Mas aí eu penso: eu vou escrever sobre o quê? O mundo já tá tão sem graça, e aqui dentro de mim acontece tanta coisa que merece ser posta pra fora. Eu só sei escrever sobre mim e queria muito que as pessoas não achassem que eu sou louca por isso. Apesar de eu mesma achar isso na maioria das vezes. Eu queria um copo de Coca-Cola bem gelada. Eu queria saber porque eu tô com os fones no ouvido há quinze minutos se não tô escutando nenhuma música. Eu queria escutar música. Várias. Ou a mesma várias vezes. Eu queria apagar certas memórias que surgem na minha cabeça quando escuto algumas músicas. Eu queria parar de estragar músicas por causa de memórias ruins. Eu queria voltar no tempo só pra reviver os momentos bons e depois voltar pra onde eu tô porque apesar de tudo eu sei que tudo valeu a pena e de qualquer jeito era aqui que eu tinha que estar. Eu queria saber se a carta que eu mandei está mesmo guardada com carinho ou se foi jogada fora assim como eu. Eu queria saber se alguém pensa em mim antes de dormir. Se alguém pensa em mim. E minha mãe não conta. Eu queria tomar um banho de mar. Ficar horas no mar até os meus dedos murcharem. Eu queria que amanhã fizesse sol e que o tempo bom durasse até o fim de semana. Eu queria me jogar no chafariz lá da faculdade. Mas aí a minha loucura ia ser comprovada. Eu queria ler todos os livros que eu queria ler e ver todos os filmes que eu queria ver. Eu queria alguém pra ver comigo. Eu queria ser mais autossuficiente às vezes. Eu queria um beijo bem demorado, molhado e quente. Eu queria rir até doer a barriga. Eu queria que uma vez na vida um texto meu fizesse sentido. É, não foi dessa vez.

domingo, 25 de setembro de 2011

Sobre as coisas que eu odeio

Lendo um texto da Tati Bernardi, em que ela descreve todas as coisas que odeia, resolvi escrever o meu também. Sim, porque assim como você e o resto do mundo, eu também odeio diversas coisas e isso não é ruim. Sentir um pouco de ódio é mais um sinal de que você ainda está vivo, não só por fora, mas por dentro também.
Odeio ter que introduzir o assunto de um texto. E odeio mais ainda quando me falta inspiração para o resto dele. Odeio quem esquece meu aniversário e odeio lembrar do aniversário de todo mundo. Se duvidar, eu lembro até do aniversário de uma menina que foi minha colega no Ensino Fundamental. Odeio lembrar de tudo.
Odeio meninas que se fazem de santas e crentes e depois saem por aí querendo dar pra todo mundo. Odeio quem quer casar virgem e odeio mais ainda quem fica o tempo inteiro falando de Deus e religiões. Guarde suas crenças pra você e deixe as minhas em paz se não quiser que eu tenha um treco.
Odeio quando ligo o rádio e está tocando uma música que eu odeio, odeio gostar de músicas que eu deveria odiar. Odeio a programação da TV nos domingos e odeio mais ainda quando não tem Dança dos Famosos no Faustão. Odeio vendedoras de loja, principalmente aquelas que continuam me seguindo, mesmo depois de eu ter dito que só ia dar uma olhadinha.
Odeio inverno e o fato de ter que usar 453 blusas e jaquetas e calças e meias e botas e odeio mais ainda ter que tirar tudo isso só pra tomar banho. Odeio guarda-chuva; consequentemente, odeio chuva também. Odiarei um pouco menos quando alguém me roubar um beijo debaixo dela.
Odeio meninos que não sabem beijar sem babar ou morder a minha boca. E odeio aqueles que acham que vão me conquistar só porque tem dinheiro. Odeio mauricinhos, patricinhas, meninas que não repetem roupa, pagodeiros e funkeiros que parecem nunca ter sido apresentados aos fones de ouvido.
Odeio quem diz que eu falo pouco, que eu sou quieta e tímida demais. A minha vontade era mandar vocês tomarem naquele lugar. Odeio quem fala gírias demais e quem fala certo demais. Odeio não saber cantar e não ter coordenação motora pra tocar violão e pintar minhas unhas. Odeio quando não fazem festa surpresa pra mim. A única que eu tive, eu sabia desde o início que ia acontecer. Odiei isso. Odeio morar longe do centro e às vezes odeio não morar na capital e não ter dinheiro pra viajar pelo mundo.
Odeio ratos e borboletas. Odeio quem finge ser o que não é pra agradar os outros, odeio o fato de não conhecer nenhum cara que preste pra ser meu namorado. Odeio amar tanto algumas pessoas, sentir tanto ciúmes de quem não deveria e o fato de eu chorar por qualquer coisa.
Odeio apresentar trabalhos, falar no telefone e não saber passar delineador. Odeio quando a internet cai, quando meu pai me trata como criança e quando alguém finge que gosta de mim. Odeio refrigerante de uva, torta de aveia e qualquer tipo de salada. Odeio ser tão branca e não ter quase nada de peito.
Odeio filmes de ficção científica e mulheres oferecidas e que usam roupas vulgares demais. Odeio quem me dá esperanças e depois me chuta pra escanteio e odeio mais ainda continuar gostando de quem nem me dá esperanças. Odeio me apaixonar tão fácil.
Odeio não lembrar o que eu sonhei e não conseguir dormir justo quando eu tenho que acordar cedo. Odeio médicos, psicólogos e dentistas. Odeio sapatos de salto, perfumes doces demais e minha mãe dizendo que eu tenho que usar vestidos. Odeio que me comparem com alguém, odeio homens que só querem ir pra cama comigo e odeio mais ainda aqueles que nem cogitam essa possibilidade. Odeio homem forte demais.
Odeio quando falam mal das bandas que eu gosto, odeio qualquer tipo de preconceito e pessoas que tem vergonha de si mesmas. Odeio ter um pouco de nojo de algumas coisas e ao mesmo tempo morrer de vontade de fazê-las. Odeio ligação que é engano, gente burra, propaganda demais durante um programa de televisão e odeio abrir o jornal e só ler notícias ruins. Odeio quando estou na praia e chove e odeio quem vai pra praia e não quer entrar no mar.
Odeio picolé de limão, bala de cereja e qualquer coisa sabor canela. Odeio quando coloco o player no aleatório e só toca música que eu não quero ouvir, quando não lembro onde guardei alguma coisa e odeio mais ainda a capacidade que eu tenho de perder meus brincos. E de perder pessoas também.
Odeio algumas atitudes que eu tomo, algumas coisas que eu digo. Eu me odeio às vezes. E odeio quem viu o link desse texto e não leu. Não odeio você então. A não ser que você faça alguma das coisas citadas anteriormente. Aí, sinto muito, mas te odeio um pouquinho também.


Texto escrito no dia 21 de julho de 2011.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Involuntário

Você passa, sorri, eu sorrio pra você, você vai embora e aí, cinco minutos depois me dou conta de que ainda estou sorrindo. Por que você faz isso comigo? Por que eu faço isso?

E cadê você pra passar aqui de novo e me fazer sorrir pra sempre?

domingo, 18 de setembro de 2011

crazy

crazy é uma palavra que confere certo humor à loucura
parece que se é uma louca divertida, supercrazy, personagem de gibi
alegre, magnética, cabelo colorido, uma destrambelhada que ri

crazy é uma palavra que não descreve a minha inversão
sou louca em português, very absorta, nada institucional
desajuste silencioso, independente, que não se cura nem se cobre com bandeide

crazy não me entitulo, tenho a fachada sã e não trago o riso solto
meu desvio é genético, louca de berço, pura, sem aditivos
loucura genuína não se produz e a américa nada tem a ver com isso

crazy é bacana, crazyland, terra dos que estão em paz e fumam,
a noite inteira gargalhando, beijando-se uns aos outros, just fun
o que sinto é mais uterino, absolutamente pessoal e profano

crazy, sou às vezes
louca, doze meses por ano

Martha Medeiros

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Que porra é essa?

Tentei entender o que eu estava sentindo naquele momento. Tentei entender por que eu reagi daquela forma, por que eu me senti bem, por que eu me senti mal, por que eu quis correr pra bem longe, por que eu quis ficar lá e te abraçar bem forte, por que eu sorri, por que eu chorei. Tentei entender por que em poucas horas eu tive as mais variadas reações em relação a alguma coisa que nem eu sabia que seria capaz de me provocar algum tipo de sentimento, dor, alegria, ou seja lá o que foi que eu senti. Tentei entender e sabe, desisti. Eu não entendo. Eu não me entendo. Eu sei quem sou, mas não sei mais quem eu estou sendo. Eu sei o que eu quero, mas às vezes acho que quero algo totalmente diferente. E aí quando consigo isso percebo que quero de volta o que eu queria antes. Não, eu também não entendi o que eu quis dizer. Mentira, eu entendi sim, mas fingi que não porque é o que eu faço às vezes. Eu finjo. Eu finjo que não sei o que eu tô sentindo quando na verdade eu sei exatamente o que se passa dentro de mim. Eu finjo que não gosto quando na verdade eu amo. Eu finjo que estou bem quando a minha vontade era de explodir em prantos. Eu finjo que entendo quando na verdade eu queria erguer a minha mão e dar um tapa bem forte em tantas caras hipócritas que passam por mim. Eu finjo que sou boazinha, que sou fofa, que sou assim quando na verdade eu sou essa menina ridícula, cheia de raiva guardada e que não sabe porra nenhuma da vida e ainda assim continua escrevendo sobre ela como se soubesse tudo. Eu não sei nada. Eu não sei nem que porra era aquela que invadiu meu peito quando eu vi que, aquilo que eu nunca tive, realmente não era meu. Que eu não podia mais querer aquilo que eu sempre quis mesmo sem saber que eu queria. Na verdade eu ainda não sei. Mas sei que já falei isso e essa porra de texto tá ficando repetitivo assim como os tombos que eu levo toda vez que resolvo mostrar pro mundo quem eu sou e percebo que ninguém gosta de mostrar quem realmente é e por isso não gostam que eu mostre também. Mas eu quero que tudo exploda. Eu quero que explodam todas as máscaras e maquiagens e disfarces e fantasias que vocês usam pra se esconder. Eu quero que vire pó e desapareça no ar toda a hipocrisia e que vocês finalmente mostrem o que são. Vocês não queriam que eu falasse? Então por que agora me mandam calar a boca? Então por que agora são vocês que não falam nada? Vocês só sabem pedir se está tudo bem. Sim, está tudo bem. Eu só estou aqui escrevendo besteiras quando eu deveria estar dormindo, mas está tudo bem. Eu só estou aqui chorando por algo idiota e sem futuro nenhum, mas está tudo bem. Está sempre tudo bem. As pessoas é que são complicadas demais e acabam complicando tudo. Tipo eu, nesse momento. Mas eu gosto disso. Apesar de me fazer mal às vezes, eu gosto mesmo dessa porra toda e morro de rir quando percebo que escrevi um texto com pelo menos cinco porras no meio. Eu definitivamente não era assim. Mas quer saber? Agora tô gostando muito mais de mim.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Tereza e um milésimo de segundo

O tempo todo escuto das mais variadas pessoas uma mesma observação: você é, você é... diferente.

Algumas dizem isso com a cara assustada, como se não soubessem lidar com alguém que escreve com tanta transparência sobre a própria vida. Será que, se eu der bom dia para essa menina, ela vai escrever um conto sobre mim?

Me olham como se eu fosse perigosa, louca, estranha.

Outras me olham como se tirassem sarro de mim, como se dissessem, sem dizer, que, já que eu resolvi deixar minha alma pelada por aí, eu mereço mais é que riam mesmo dos meus defeitos. E no fundo, essas pessoas, eu sempre soube, morrem de medo de ver alguém tão parecido com elas exposto ao mundo da maneira mais humana possível. Com celulites, manias, medo de não ser amada, fracassos, vitórias alarmadas sem medo do egocentrismo e desejos estranhos.
Tem também um ou outro mais limitado que não entende absolutamente nada do que eu escrevo e me pergunta "Mas e aí? Quando você casar, tiver filhos... vai escrever sobre o quê?", achando que a busca ou a angústia por algo inexplicável (e basta estar vivo para sentir tudo isso) acabam com alguma decisão como assinar um papel. (...)

Eu, do fundo do meu coração, tenho um orgulho absurdo de ser quem eu sou. Tenho um orgulho absurdo de transformar tudo o que dói em mim em poesia, ao invés de sair transando com o primeiro babaca (não que eu já não tenha feito isso e escrito sobre isso e blá-blá- blá...), encher a cara, me drogar ou simplesmente fazer de conta que nada está acontecendo, nada me atinge e eu sou superior a dor. Dói mesmo, eu me apaixono mesmo, eu sou intensa mesmo, eu me ferro mesmo, às vezes eu ferro as pessoas mesmo. Tudo é bom, tudo é vazio, tudo é bom de novo. Viver é um absurdo e não dá pra passar por isso tão ileso.

Mas do que tenho orgulho mesmo é de ter construído um mundo onde qualquer pessoa, da mais incrível à mais idiota, possa virar personagem. E de ter construído um mundo onde todos os sentimentos viram enredos com trilhas e a direção de arte certa. Dos sentimentos mais banais àqueles que nos fazem querer se rasgar inteira ou abraçar o mundo. Um mundo onde o por acaso, o cotidiano, o qualquer, o cinza, tudo pode ser motivo para gostar mais ou sentir mais a vida.

E nesse mundo, onde as pessoas acham que eu vivo nua para quem quiser me ver de todos os ângulos e me explorar e me sentir e me provar e me sacanear. Nesse mundo, eu vivo bem escondida e protegida. Ou você achou mesmo que eu construiria um castelo tão escancarado sem ter pensado na fortaleza perfeita para mantê-lo intacto?

Tati Bernardi

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Monday

Acordei antes do despertador do celular tocar. Antes do menino bonito daquela banda legal cantar que espera não ter me acordado, mas só queria dizer bom dia e me deixar um beijo mesmo sem saber com quem eu sonhei. Essa noite sonhei com amores platônicos. E isso não é ruim, isso não é deprimente, isso me faz acordar sorrindo. Rindo da minha própria infantilidade. É bom continuar sendo criança pelo menos nos sonhos, apesar de que eu continue sendo uma quando estou acordada também. Desliguei o despertador sem nem deixar o moço bonito começar a cantar, levantei, coloquei minhas meias e lá estava eu. Pronta pra mais uma segunda-feira. Mais uma semana. Daquelas que prometem ser uma das piores da vida inteira. Mas aí eu olho pra fora da janela e vejo um sol lindo, um céu azul lindo e me pergunto como um dia lindo daqueles pode ser ruim. Não pode. Não tem como. E sabe, não foi. Banho quentinho. Sorvete de sobremesa no almoço. Conversas animadas no trabalho. Conversas mais animadas ainda depois do trabalho. Cerveja com os amigos. Sim, em plena segunda-feira. Lua gigante e linda no céu azul em degradê, se é que essa palavra ainda existe. Sentimentos escondidos e ao mesmo tempo escancarados em sorrisos, abraços e pacotes de biscoito divididos. Coisas inesperadas, elogios mais inesperados ainda. Um dia tão bom que eu até esqueci que era segunda e já estava até combinando a festa de amanhã, opa, de sábado. E agora estou aqui. Debaixo das cobertas, fazendo o que eu não resisto que é escrever e pensando seriamente em ir dormir dentro de alguns minutos. Porque amanhã pode até não ser tão bom quanto hoje, nem quarta e nem quinta, mas quem liga. Eu só espero continuar acordando feliz todas as manhãs com o menino bonito cantando que não queria ter me acordado. Quem sabe um dia eu não ouço isso de um menino bem mais bonito e aqui do meu lado. E esse com certeza vai dizer bom dia, me dar um beijo e vai saber exatamente com quem eu sonhei.
Olha eu e meus amores platônicos outra vez.
Não disse que a infantilidade atravessava a barreira dos sonhos?

domingo, 11 de setembro de 2011

Somos frágeis.

É isso que percebo e tenho mais certeza a cada dia. Um dia se passa, um minuto depois, um segundo que passou e já não estamos mais aqui. O fim chega num piscar de olhos. A morte faz a gente fechar os nossos.

E nunca mais poder ver aqueles que, antes, brilhavam ao olhar pra gente.

Nasci pra isso.

Eu nasci pra escrever. E não digo isso porque acho meus textos ótimos, muito pelo contrário, ultimamente estou achando todos um verdadeiro lixo e sei que ainda preciso melhorar muito. Mas andei pensando e percebi que eu realmente nasci pra isso. Eu sinto demais, eu coloco sentimento em tudo, até mesmo nas banalidades, e não dá pra guardar isso só pra mim. Eu vejo tudo com um olhar meio romântico. Não sei escrever poesias, mas vejo poesia em tudo.
Uma criança que me olha e sorri. Uma mulher bonita e aparentemente feliz ouvindo música nos seus fones de ouvido. O pôr-do-sol, a chuva, os raios de sol entrando pela janela, o céu. Pessoas dançando loucamente uma música que elas nem conhecem. Pessoas felizes simplesmente porque uma determinada música começou a tocar na festa. Conversas de banheiro. Alguém que lembrou de mim. Uma barra de chocolate deixada em cima da minha mesa. Um sorriso, não importa de quem. O vento batendo na cara. O vento bagunçando meus cabelos. Alguém rindo de algo que eu falei. Alguém me fazendo rir. Um abraço. Um gol nos minutos finais de um jogo. Um filme que me faz chorar. Um filme que me faz rir. Alguém secando minhas lágrimas. Uma mulher grávida. Me lambuzar tomando sorvete. Sair bem numa foto. Sair mal numa foto. Falar o que penso. Não falar nada. Um menino tocando violão. Cantar. Ouvir alguém cantar. Beijar. Frio na barriga. Comida boa. O último capítulo da novela. Pessoas que me fazem bem. Brincos perdidos. Unhas descascadas. O perfume de alguém. Uma mensagem inesperada. Surpresas. Uma senhora de idade com dificuldade pra andar, mas com um sorriso enorme no rosto. Pessoas que reencontro depois de muito tempo. Coisas que reencontro depois de muito tempo. Dores. Algo que eu nunca pensei que sentiria e senti. Um menino que escreve coisas lindas. Uma carta enviada pelo correio em plena era digital. Ligar o rádio e estar tocando a minha música preferida. Coincidências. Corações partidos. O despertador tocando de manhã. Um banho de mar. Andar descalço. Ficar com a pele queimada do sol. Um bebê chorando. Qualquer pessoa chorando. Sentimentos inesperados. Frases escritas na última folha do caderno. Textos escritos num blog. Entrelinhas. Balas de morango. Banho demorado. Alguém que me faz feliz.
Eu vejo poesia em tudo. Eu sinto tudo com uma intensidade impossível de medir e me sufocaria se não colocasse tudo isso pra fora. Por isso eu escrevo. Só assim eu me descubro, eu me revelo, eu mostro quem sou e o que penso, eu faço terapia sem gastar nenhum centavo, eu choro, eu rio, eu me livro do peso de alguns sentimentos, eu sinto. Não sei viver sem escrever. Eu sou aquilo que escrevo. Se me exponho, se passo dos limites? Sim, com certeza. Mas é o preço que se paga por ter nascido pra isso. E eu, definitivamente, nasci pra escrever. Não sei ser de outro jeito.

E lá se vai mais um texto lixo.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Dia cinza.

E mais uma vez o sol não apareceu. Mais um dia cinza e nublado pra acabar com os planos de duas meninas que não sabem bem o que querem. Ou talvez elas saibam. Mas o universo insiste em mandar sinais de que isso não é o certo. Pingos de chuva vão surgir a qualquer momento, assim como surgiram da outra vez. O céu vai ficar cada vez mais escuro, como se já fosse noite, apesar de não ser nem duas da tarde, e a já conhecida dificuldade de olhar as horas só vai piorar. Não vai haver luz, nem grama, nem um dia bonito no parque, conversas engraçadas, olhares quase constrangedores, toques quase imperceptíveis, calor, presença. Não vai haver presença. Não vão poder sentir o vento batendo na cara, o sol queimando a pele. Mais uma vez as nuvens acabaram com os planos de duas meninas que sentem demais, que querem demais sem ao menos saber o que querem. Ou talvez elas saibam. Mas há tantas pessoas, tantos lugares, infinitas possibilidades. Há tantos momentos, tantas palavras jogadas ao vento, tantos olhares alheios. Há tanta coisa que fica difícil dizer o que é certo. Elas sabem, mas não dizem. Elas querem, mas o sol resolveu se enconder hoje e junto com ele foram os sentimentos dessas duas meninas. Sentimentos escondidos embaixo da cama, do travesseiro, dos cabelos e dos moletons. Sentimentos que estão nas entrelinhas de músicas cantadas numa sexta-feira e de textos escritos em um feriado nublado e cinza. Sentimentos que existem e estão aí pra quem quiser ver. Mas elas ainda estão de olhos fechados.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Angústia.

Quando você precisa fugir de um assunto, todos parecem falar sobre ele. O que fazer com a angústia, o medo, a insegurança? O que fazer com o tempo que não passa e não te traz as respostas? Quando você precisa fugir de um assunto, todos falam sobre ele. Mas ninguém responde tuas perguntas. Ninguém te diz o que fazer. Ninguém te diz que a tua insegurança não tem fundamento, que é inútil se preocupar. Eles te deixam mais preocupada ainda, eles não param de falar. Eles te olham e não veem.

domingo, 4 de setembro de 2011

4 de setembro.

"Fico feliz só de falar contigo. No meio de tudo que aconteceu, tu me conforta."

Fui dormir, depois de ler essa frase. Fui dormir, depois de ler tanta coisa, ver tanta coisa, sentir mais ainda.
Ainda não sei o que sinto, o que você me faz sentir.
Ainda não sei porque foi tão bom colocar minha cabeça no seu ombro, sentir seu perfume, mexer nos seus cabelos.
Ainda não sei porque eu não consigo me irritar com você, nem quando você tem o seu ciúme bobo, nem quando ri das minhas bochechas vermelhas.
Ainda não sei porque começo a sorrir quando te vejo, porque torço pra você sentar sempre do meu lado, porque queria que as suas indiretas fossem pra mim.
Ainda não sei como gosto de você, mas sei que gosto.
Ainda não sei tantas coisas.
Queria saber, às vezes.
Mas às vezes não.
Cheguei à conclusão de que é melhor nem entender.

Fui dormir, depois de falar com você, e dormi feliz.
Dormi sem querer saber.
Dormi.
E sonhei com você.

Nos sonhos, na realidade, na sexta-feira ou na madrugada de terça. Não importa, você já é meu ponto de paz.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Doce.

Ela era doce.
Irritantemente doce.
E um pouco chata.
Quase insuportável.

Charmosa, maliciosa e nem um pouco boba.
Ciumenta.
Chata.
Mas irritantemente doce.

Só que o doce, um dia, acabou-se.