quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Vou me mudar pro quinto andar

Vou me jogar pela janela. Pena que não vai adiantar nada porque eu moro no primeiro andar. Mas pelo menos vou ralar um pouquinho os joelhos, machucar alguma parte do meu corpo e sentir outra dor que não a do coração. Porque olha, amigo, vou te dizer que tá doendo pra caramba. Já não sei mais que músicas ouvir porque eu contaminei todas com você. Por que a gente faz isso? Isso o quê?, vocês perguntam. Isso. Tudo isso. Gostar, amar, apaixonar, lembrar da pessoa com músicas bobas, escrever sobre a pessoa, chorar pela pessoa, querer se jogar pela janela. Eu devia era jogar você pela janela. Pena que eu moro no primeiro andar e não ia adiantar nada.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Nervo exposto

Eu costumava ser tímida. E talvez fosse mesmo. Talvez eu ainda seja. Mas percebi que tenho menos vergonha do que eu pensava ter. Não me importo de mostrar quem eu realmente sou. Deixo meus medos, minhas verdades, meu choro a mostra. Só não vê quem não quer. Quem prefere me enxergar de outro jeito. Sim, porque às vezes a gente faz isso. Vê as pessoas do jeito que a gente quer e não como elas são. Ou talvez elas sejam. Talvez eu seja tudo que pensam que eu sou, um pouco de cada uma das Fernandas que vocês veem. Eu realmente sou muitas. Algumas, inclusive, ainda não cheguei a conhecer. Outras já deixei pra trás, esqueci em algum lugar lá no fundo da minha alma. Também tem aquelas que eu nunca vou saber que existem, mas que os outros enxergam. Aquelas que eu conheço e não conto pra ninguém. Ou só pra algumas pessoas. E aquelas que eu gosto tanto que nunca vou deixar de ser. Ou que eu não consigo deixar de ser, mesmo sem gostar tanto assim. E, sabe, já riram muito do meu jeito de ser. Já debocharam dos meus gostos, dos meus amores, dos meus risos, dos meus choros. Já apontaram o dedo na minha cara, já me chamaram de coisas que eu não gosto de lembrar, já me rotularam o máximo que puderam. E tudo isso me fez crescer. Me senti sozinha por algum tempo, aquela fase da vida em que tu pensa que ninguém te entende, que tu não tem amigos e vai ficar sozinha pra sempre. Mas, como eu disse, é uma fase. Talvez algumas pessoas nunca tenham passado por ela e nem vão passar, mas eu passei e digo: dói. Mas o que seria de nós sem as dores? Muito menos humanos, com certeza. Passei pela solidão, pela quase depressão, pra entender que eu só preciso estar bem comigo mesma pra ser feliz. A gente morre sozinho, diz minha banda preferida. Mas a gente não precisa morrer sem a gente mesmo. A gente não precisa morrer sem ter tido a chance de se encontrar. De se mostrar. É por isso que eu me mostro. Que eu deixo o melhor e o pior de mim pra quem quiser ver. Tá tudo aí. Minhas lágrimas, meus sorrisos, meus medos, minhas mãos estranhas, meu cabelo que uma hora ou outra muda porque eu enjoo dele, minhas manias engraçadas, meus textos que sempre acabam fazendo sentido pra alguém. Não tenho vergonha das músicas que escuto, dos filmes que vejo, das fotos que olho no weheartit. Não tenho vergonha nem da minha celulite e das espinhas que vez ou outra aparecem na cara. Eu sou assim. Um nervo exposto. Fofa pra alguns e até safada pra outros. Romântica e cheia de vontade de provar tudo que a vida me oferece. Perdi todos os preconceitos que já tive um dia. Até mesmo aqueles que eu tinha contra mim mesma. E sigo me conhecendo mais a cada dia.
E como diria minha autora preferida, Martha Medeiros, "arranco minha própria pele para ver o que há embaixo / embaixo não há nada/ estou toda pra fora".

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

O que é isso que sinto?

Cheguei a pensar que fosse amor, e talvez seja, quem há de saber? Muitos já tentaram explicar o amor, até mesmo eu que nunca cheguei a viver. Mas a realidade é que não há teoria capaz de definí-lo. Por isso, sigo sem entender.

O que é isso que sinto?
Seria tesão, vontade, desejo? Mas como posso sentir tudo isso por algo que antes provocava em mim o maior dos preconceitos? Não há filósofo, poeta ou psicanalista capaz de entender e explicar como um sentimento pode surgir no meio do medo. No meio do nojo. No meio do nada. E se transformar em tudo.

O que é isso que sinto?
Amizade? Mas então por que quero tirar a sua roupa, deitar do seu lado? Será que estou ficando louca? Vejo você por todos os lados.

O que é isso que sinto?
Alguém ousaria me explicar? Ou vou ficar para sempre sentindo o desconhecido, querendo o que não é permitido, te amando muito mais que um amigo?

O que é isso que sinto?
Se já não importa gênero, nem número. Se já se passaram meses e eu não mudo. Se te quero aqui e você não vem, mas eu me iludo.

domingo, 15 de janeiro de 2012

...

Cada coisa ao seu tempo, foi o que ouvi dizer.
O que foi que eu perdi quando eu me pus a crescer?
Quando dei por mim a vida levava por trilhas desconhecidas,
acelerando a cada dia.
Como eu peço pra descer?

Scracho

sábado, 14 de janeiro de 2012

Mania estranha

Eu costumo enxergar as pessoas do jeito que eu quero. Vejo nelas somente aquilo que me agrada e esqueço do resto. Eu costumo ver o lado bom de quem não tem nada a oferecer, é o que diria um trecho da música daquela banda que eu gosto. E é por isso que eu me apaixono pelas pessoas ou que alguém simplesmente se torna especial pra mim. É por isso que eu tenho vontade de abraçar algumas delas a todo momento. E aí, sabe o que eu faço? Eu escrevo. Eu escrevo sobre esse meu jeito estranho de gostar de quase todo mundo, eu escrevo sobre quase todo mundo. E aí, sabe o que quase todo mundo faz? Se assusta, foge, corre pra bem longe de mim. Porque realmente deve ser assustador uma menina que te conhece há tão pouco tempo e já tá escrevendo sobre você. Uma menina que nem conversa muito ou nunca conversou com você já fez um texto falando sobre coisas que ela imagina que você goste. Só que aí você lê e vê que é daquilo mesmo que você gosta. E se pergunta como ela sabe. Quer saber? Nem eu sei. Eu só observo. Eu falo pouco, mas observo muito. Eu vejo os pequenos detalhes de cada um e é por isso que tantas pessoas me encantam. A banda preferida daquela menina começa a tocar na mtv e eu lembro dela. Como o doce preferido daquele menino e lembro dele. Ouço músicas daquele verão e lembro de pessoas especiais que estiveram nele. Até esqueço das partes ruins daquela época do ano. Eu costumo ver o lado bom de qualquer coisa que não tenha nada a oferecer.

não sei

eu queria tanto saber o que falar
pra fazer você ficar
pra fazer você me olhar.

eu queria tanto saber o que dizer
pra não te perder
pra você também querer.

mas o que eu posso fazer
se tudo que eu queria te dizer
eu já cansei de escrever.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Um sonho complexo

Estava eu andando de carro, no banco do carona. Do meu lado, ao volante, um cara desconhecido, alto, moreno. Não sei de onde estávamos vindo, não sei pra onde íamos. Mas, de repente, paramos. Eu desci e levei comigo uma mala branca. O cara desconhecido ligou o carro outra vez e se foi. Eu fiquei ali, parada na estrada, sem saber onde eu estava. Então vi que eu estava na frente de um prédio enorme, parecia ser um hotel. Entrei. Mas não era hotel nenhum, era um hospital. E por dentro, não parecia nada com o prédio que eu havia visto lá fora. As paredes eram de madeira e aquele lugar se parecia muito mais com uma casa bem velha. Passei pela ala pediátrica, com balões coloridos desenhados na parede, bebês chorando e suas mães tentando acalmá-los. E então cheguei num quarto que estava com a porta aberta. Entrei. Lá dentro estava minha vó deitada na cama, ligada a alguns aparelhos. Em volta dela, minha mãe, uma amiga que eu amo muito e mais algumas pessoas que já nem lembro. Perguntei pra minha mãe o que tinha acontecido e ela disse que não era nada de grave, que logo minha vó iria pra casa. Nesse momento, vi meu vô ali também. Meu vô, que faleceu há dois anos. Eu sabia que ninguém mais percebia sua presença, mas eu podia vê-lo nitidamente. Me assustei. Gritei. Mãe, vem aqui que eu preciso te falar uma coisa. Alguém gritou comigo. Fala baixo, menina, você está num hospital. Saí correndo. E quando cheguei do lado de fora do hospital, prédio, casa velha ou seja lá o que fosse aquilo, já não era mais nada disso. Eu estava na frente da minha casa e minha mãe estava do meu lado. Perguntei onde estava aquela amiga que eu amo muito, que estava ali a pouco tempo atrás. Minha mãe respondeu que ela tinha ido embora. Quis que ela voltasse.

Acordei.

Era uma vez

Filmes sempre me deixam com vontade de escrever. Mas alguns me deixam com vontade de mudar o mundo.

Acabei de ver um drama. Um drama brasileiro. Não esperava muito do filme, mas ele foi me prendendo de uma forma que eu fui ficando cada vez mais tensa pra saber o fim. E na cena final, desabei. Chorei feito uma criança. Hoje eu lavei a alma vendo o filme ERA UMA VEZ. Um menino pobre, da favela, que se apaixona por uma menina rica e ela se apaixona por ele também. Pode parecer uma história comum, mais do mesmo, mas não é. É uma história que, provavelmente, acontece muito no nosso país e a gente nem fica sabendo. É tanta morte, tanta violência, tanta guerra onde deveria haver paz que a gente já se acostumou e nem presta mais atenção se uma notícia de sequestro ou tiroteio na favela aparece na televisão. Por que prestar atenção né? Por que se importar com isso se nao vai mudar nunca? É, pensando assim não vai mudar mesmo. No final do filme, o ator Thiago Martins, que faz o protagonista e é morador de uma favela, diz que a mudança é difícil, mas que se a gente olhasse com mais carinho para as pessoas, as coisas seriam bem melhores. É isso. A gente não olha para as pessoas. A gente conhece alguém e julga pela aparência, sem se preocupar com quem ela é de verdade. Todo mundo tem sonhos, todo mundo espera alguma coisa desse mundo, dessa vida. Alguns alcançam o que querem, outros não. Alguns são felizes para sempre, outros morrem injustamente. E talvez isso nunca mude. Mas você já parou pra pensar que as pessoas que aparecem naquelas notícias horríveis da televisão que você nem presta atenção, são pessoas assim como você? Você já parou pra pensar que você podia estar no lugar delas? Você, que sonha com o grande amor da sua vida, pode já ter encontrado e perdido porque não olhou pra ele. Porque não quis saber. Porque julgou pela roupa, pela cor. Da próxima vez, tenta olhar nos olhos das pessoas. Tenta enxergar a alma delas, por mais que isso pareça impossível. Faça com que o seu 'era uma vez' termine bem. Escreva sua história sem esquecer que todo mundo tem o direito de escrever a sua também.

Eu chorei hoje. Chorei tanto que fiquei com o rosto inchado e vermelho. Lavei a alma, de verdade. E tô aqui com um aperto no peito porque eu sei que eu não posso mudar nada sozinha. Que o simples fato de eu querer a paz no meu país e no mundo, não vai fazer com que ela exista realmente. Mas hoje, esse filme mudou alguma coisa em mim. Aquela frase do final me tocou lá no fundo. Vou olhar para as pessoas com mais carinho daqui pra frente. Com mais amor. Olha você também. Não dói nada. Só faz bem.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Lágrimas de show

Nunca chorei num show. Sou a pessoa mais chorona da face da Terra, mas acabo de perceber que nunca chorei num show. Nem quando vi minha banda preferida pela primeira vez, quando abracei eles, quando fui no show internacional que eu tanto queria, nas músicas que me tocam lá no fundo, nunquinha. Aí hoje, desenterrei meu DVD da Avril Lavigne e quando ela começou a cantar 'I'm with you' me veio um pensamento na mente. Se um dia eu ouvir essa música ao vivo, as lágrimas vão rolar. Poucas canções falam aquilo que eu penso lá no fundo da minha alma. Poucas dizem aquilo que eu não sei falar. Mas essa é uma delas. Ainda não achei um amor, alguém pra chamar de meu. Mas eu sinto que existe alguém pra mim em algum canto do mundo e um dia a gente vai se encontrar. Mas, enquanto a gente não se encontra, eu estou com ele. Eu estou com você, onde quer que esteja. I don't know who you are, but I'm with you. O dia que eu ouvir essa música sendo tocada ali, na minha frente, acho que estreio minhas lágrimas de show.