quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

dois mil e onze.

Fiz uma lista de planos para 2011 no dia 31 de dezembro de 2010, assim como faço todos os anos. Pode parecer besteira, mas é o meu ritual de fim de ano, a minha forma de lembrar de tudo que aconteceu, pensar o que eu quero que mude no próximo ano e todos esses clichês que todo mundo conhece. Mas eu adoro clichês. E adorei meu ano. Nem tudo foram flores, mas esse com certeza foi um dos melhores anos da minha vida.

Tive um Reveillón bem simples, com o que sobrou da minha família. Não que o resto tenha ido embora ou algo parecido, mas agora sei quem realmente importa. Chorei, como em toda meia-noite de um ano pro outro. Ouvi minha mãe dizendo que nesse ano meus sonhos iam se realizar. Não fui pra praia. Não entrei no mar. Tive um amor de verão na cidade mesmo. Momentos inesquecíveis, bebidas, caixas de bis e muita bagunça. Mas, como diria o Forfun, os dias viram só recordação e foi só mais uma história de verão. Fui pro Planeta e tive um fim de semana inesquecível. Pulei, gritei, ri, chorei, cantei. Andei de ônibus às 6 da manhã com um bando de gente bêbada cantando sem parar uma música insuportável. Música essa que virou o tema do fim de semana. Fortaleci amizades antigas. Mudei os rumos da minha vida achando que estava indo pro lugar certo. Conheci pessoas legais, saí do emprego que eu não aguentava mais. Mas trago boas memórias de lá e algumas pessoas inesquecíveis também. Quebrei a cara e percebi que estava no caminho errado. Voltei pra onde eu nunca devia ter saído. Me apaixonei e desapaixonei. Ganhei um amigo. Recebi conselhos sobre a vida, elogios sobre meus textos e sobre mim. Chorei lágrimas boas. Excluí um blog, porque me disseram que eu postava textos muito pessoais. Criei outro blog e sim, aconteceu a mesma coisa com ele. Não aguentei e criei esse aqui. Cheguei a conclusão de que eu gosto mesmo de escrever sobre mim, não vou mudar. Mas agora já sei até onde posso ir. Até Porto Alegre, por exemplo. Principalmente se eu for sozinha, de ônibus, pegar um trem e pedir ajuda pra uma menina que eu nunca vi na vida e nunca mais vou ver só pra ir num show. Me senti numa aventura. Me senti viva. Voltei pra Caxias, óbvio. E voltei pro Jornalismo. Me encontrei. Encontrei pessoas que eu nunca vou esquecer. Pessoas que fizeram meu ano valer a pena. Pessoas que não ligam se eu falo pouco, se eu sou tímida, chorona ou um pouco idiota e louca às vezes. Achei os amigos de verdade que eu nunca tive. We found love in a hopeless place. Fui pra muitas festas, pra compensar o tempo que eu perdi em casa nos anos anteriores. Bebi, dancei, ri até doer a barriga. Realizei alguns sonhos. Beijei. Beijei mais um pouco. Me apaixonei de novo. Por quem eu pensei que nunca fosse me apaixonar. Senti coisas totalmente novas pra mim e me surpreendi quando percebi que eu estava gostando de sentir tudo aquilo. Escrevi sobre tudo isso, obviamente. Acabou. O sentimento ainda não, mas os momentos ficaram pra trás. E olho pra eles com um sorriso no rosto. E na minha cabeça surge a pergunta: 'fui eu mesma que fez tudo isso, que sentiu tudo isso?'. É, parece que foi. Me arrependo de algumas coisas, mas não voltaria no tempo pra fazer tudo diferente. Eu queria muito voltar no tempo, sim, mas pra viver tudo de novo. Pra rir mais um pouco, pra chorar rios e depois me sentir num seriado americano ou num filme de comédia romântica, sei lá. Pra ficar arrepiada de novo, emocionada com os pequenos detalhes que fazem tudo ser tão especial. Eu olho pra trás, pra esses 12 meses que passaram e sinto vontade de congelar o tempo. De ficar pra sempre aqui, nessa cidade, nesse ano, nesse vagão e ter pra sempre 19 anos.

Mas não adianta. O trem continua andando pelos trilhos. E aí vem mais um clichê. O tempo passa muito rápido e daqui a pouco eu já vou estar escrevendo um texto sobre o ano de 2012 (isso se o mundo não acabar até lá). Muitas coisas vão mudar esse ano e eu sinto isso. Como sempre, algumas pra melhor e outras pra pior. Mas uma coisa é certa: mudei muito nesses 365 dias que passaram. Continuo a mesma criança boba e ingênua e chorona e chata de sempre, mas cresci. Cresci muito. Errei feio algumas vezes, mas vou levar o que aprendi pra poder acertar no ano que vem.

Em 2011 , encontrei o meu lugar no mundo, encontrei as pessoas que fazem eu me sentir parte de algo. Me encontrei. No meio de tantos shows, festas, bebidas, risos, lágrimas, cartas, conversas até as duas da manhã, aulas chatas, domingos entediantes, pessoas novas, livros novos e músicas no repeat eterno, eu me encontrei. Não totalmente, porque sei que nunca vou parar de me surpreender comigo mesma. Mas tô no caminho. Acho que já sei quem eu sou. E 2011 me mostrou que eu posso ser ainda mais em 2012. Porque, quando a gente acha que acabou, está apenas começando.

Always say we're gonna stop, but this year do it all again.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Vou esperar por você em todo lugar, mesmo sabendo que não vai voltar.

Tantas pessoas já se foram, tantas ainda vão ir. People always leave, já diria a minha personagem preferida daquele seriado que eu tanto amo. É a vida, isso nunca vai mudar. Quem tem que ficar, fica. Mas às vezes algumas pessoas ficam e a gente nem percebe. Ficam no nosso coração, na nossa cabeça, nas nossas lembranças, nas músicas que escutamos. Saudade é quando você sabe que a pessoa ainda está aqui, você pode sentí-la, mas seus olhos não a veem mais. Eu já perdi muita gente, já deixei muitos irem embora. Gente que tinha que ter ficado, gente que já não importava tanto assim. E sigo perdendo. Por falta de jeito com as pessoas, por não saber o que fazer e aí acabar fazendo tudo errado, por querer tanto e esperar tanto, por ver o lado bom de quem não tem nada a oferecer. Perco pessoas porque acredito nas suas promessas, porque me iludo com suas palavras, porque me apaixono e algumas pessoas simplesmente não foram feitas pra eu me apaixonar. Dói. Dói saber que algumas não vão mais voltar. Dói mais ainda saber que algumas nunca estiveram aqui realmente, foi só algo que eu criei na minha cabeça. Mas, como eu já disse, é a vida. Enquanto tantos vão embora, outros chegam e me fazem sorrir. Me fazem bem. Me fazem feliz. As pessoas vem e vão na hora certa. Não é por acaso que encontramos alguém, que perdemos alguém. E também não é por acaso que alguém que pensamos perder, continua aqui. Num texto escrito numa madrugada de insônia, num cheiro que surgiu de repente no ar, em músicas que marcaram momentos. Vou escutar quando a sua canção tocar, mesmo sabendo que não vai voltar.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Uma flor amarela

Acho que a esperança é assim. Uma flor linda e amarela no meio das grades de um mundo cinza. Ela pode cair a qualquer momento e se espatifar no chão, mas ainda assim se agarra como pode pra continuar ali, intacta. A última que morre, diriam alguns. Eu diria que, bem lá no fundo, ela nunca morre. Só sofre algumas mudanças. Quando a flor cair no chão e se espatifar, talvez alguém a leve pra casa e coloque num vaso. Ou talvez não. Mas ela nunca vai saber se não arriscar.

Acho que a esperança é assim. Uma flor amarela no meio das grades.
Ainda não sabe se cai ou se fica, mas não desiste.

E, de alguma forma, sorri.

Foto: Rafaela Amaral

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sobre loucos e curiosos

Há muito tempo ouço a mesma pergunta toda vez que encontro ou reencontro alguém depois
de um tempo. É uma pergunta que me faz achar que minha vida é a mais monótona possível, pois na hora nunca sei o que responder. As pessoas simplesmente querem saber quais são as minhas novidades, o que há de novo para contar. Eu fico lá pensando se falo que uma noite, quando eu era pequena, levantei pra ir no banheiro e desmaiei no meio do caminho ou se conto que aos 12 anos de idade caí e ralei todo o joelho, tendo que ir até em casa com sangue escorrendo pela perna.
É claro que eu sei que não é esse tipo de acontecimento que as pessoas querem saber. Até
porque, nada disso é novidade, aconteceu há algum tempo e não interessa muito a ninguém. Mas já estou tão cansada de ter que contar os últimos fatos da minha vida que estou pensando seriamente em botar esse plano em prática e relatar acontecimentos antigos pra ver se assim deixo os curiosos cansados de mim. Com toda a certeza, vão achar que eu sou louca. Mas quem não é um pouco louco hoje em dia?
Essa pergunta sobre as novidades é só uma em meio a tantas que me surgem diariamente.
Não só perguntas, como atitudes estranhas e duvidosas. Fico pensando se estou mesmo no lugar que deveria estar, se me mandaram pro mundo certo ou se estou há 19 anos perdida num hospício. Pessoas querendo se matar por motivos banais, chegando em casa e tomando quantidades absurdas de remédios para poder esquecer os problemas. Mas de que adianta esquecer os problemas e, dessa forma, esquecer também as coisas boas? O que uma droga ou algo do tipo pode ajudar na sua vida? Na minha, nada. Eu prefiro ouvir uma música, conversar com alguém que me faça bem, assistir um seriado legal ou qualquer outra coisa que me anime ou até mesmo algo triste que me faça curtir a fossa. É, talvez eu seja um pouco louca nesse ponto também. Mas nem só de momentos alegres é feita a vida e eu prefiro viver intensamente todos eles. Prefiro ser louca e feliz do que enlouquecer com drogas e no dia seguinte esquecer de tudo que fiz.
Talvez tudo isso que eu esteja escrevendo não faça o menor sentido para você. Ou talvez
seja aquele velho problema de interpretação. As palavras são muito mal interpretadas pelas pessoas. Não são exatas como os números, são humanas assim como nós. Por isso, você pode ter entendido mal tudo que escrevi até aqui. Pode pensar que estou irritada com as pessoas que querem saber minhas novidades e que tenho medo de pessoas loucas. Se for assim, então estou irritada comigo mesma e morro de medo de mim. Pois é, o que mais nos incomoda nos outros são coisas que nós mesmos fazemos frequentemente. O motivo? Já mencionei, mas repito para não haver nenhum mal entendido: somos loucos. E isso não é novidade nenhuma.

*Texto ispirado nas crônicas “Pergunta e Resposta”, “Fuga do Hospício” e “Analfabetismo” de Machado de Assis e escrito para um trabalho da faculdade.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Hoje eu chorei.

Por muitas coisas, por tudo e por nada ao mesmo tempo. Chorei porque às vezes eu não faço o que é certo e porque o certo é tão relativo que eu nem sei mais o que fazer. Chorei porque dói saber que eu decepcionei alguém e não posso voltar no tempo pra consertar. Chorei porque eu já perdi tanta gente que tenho medo de perder quem eu tenho agora. Porque três meses é tempo demais. Porque eu queria que algumas coisas fossem diferentes, por mais que eu saiba que é assim que elas tem que ser. Chorei porque hoje isso foi a única coisa que me restou.

Chorei porque eu bati a cara no poste e tá doendo.