domingo, 27 de maio de 2012

Wonderwall

And all the roads we have to walk are winding
And all the lights that lead us there are blinding
There are many things that I would like to say to you
But I don't know how

Essa é apenas uma música do Oasis para muitos. Pra mim, é a sua música. Ou melhor, a música que me faz lembrar de você, do dia em que eu não sabia pra onde olhar e como disfarçar minha cara de adolescente apaixonada. Ou pré-adolescente. Ou pré-apaixonada. Não sabia como não deixar transparecer o orgulho que eu sentia de você e o quanto eu gostava de ouvir a sua voz cantando Wonderwall. Cantando qualquer coisa. Seu jeito meio marrento de ser, um exibicionismo um pouco exagerado e quase despretensioso na maior parte do tempo. Tudo que eu sentia de bom por você se misturava e se confundia com o ódio que você provocava em mim. Eu queria te abraçar e ao mesmo tempo te dar um soco. Queria te beijar e ao mesmo tempo queria vomitar na sua cara. Queria te mandar calar a boca e parar de ser assim. Parar de rir de mim. Parar de ser tão indiferente e um tanto preconceituoso. Eu gostava tanto de ti. Eu te olhava tanto e você fingia não ver. Mas via. Você sempre me viu. Você sempre soube quem eu era e o que eu sentia e que, naquele momento, enquanto você cantava, eu te olhava e tentava disfarçar. Você sabia que num outro dia, quando te fizeram chorar, eu estava ali na sua frente sem saber o que dizer. Sem saber se eu passava a mão na sua cabeça, mexia nos seus cabelos e te dizia que não precisava chorar porque tudo ia ficar bem. Eu não sabia o que fazer. E não fiz nada. Fiquei ali, te olhando. Enquanto as pessoas ao redor achavam estranho o fato de alguém chorar por um motivo tão bobo, eu apenas te olhava. Era a prova de que por baixo de tanta arrogância tinha sentimentos bons. Tinha um pouco de fragilidade naquele menino que se mostrava tão forte e invencível. Lágrimas escorreram pelos seus olhos e você baixou a cabeça em cima da classe. Escondeu seu rosto pra ninguém ver. Mas eu estava bem na sua frente e podia ouvir. Seu choro. Assim como pude ouvir sua voz doce e macia cantando Oasis enquanto eu fingia que você era apenas mais um conhecido com um bom talento musical. Você não era só mais um. Nunca foi. Sempre foi importante, mesmo não dando nenhuma importância pra mim. E hoje, seis anos depois daquele dia, te ouço cantar uma música para aqueles se escondem. Talvez eu deva me encaixar neles. Eu me escondo às vezes. Concordo com alguém que fala mal de você e digo que não te suporto, mas não é verdade. Tá, é uma meia verdade. Mas a outra metade gosta um pouquinho de ti. Gosta de lembrar que tu é uma parte de mim que nunca vai morrer, um sentimento unilateral que vai continuar sendo unilateral pra sempre, mas não vai morrer. Não vou passar a canção. Não vou esquecer de quando falei contigo de madrugada, sem que você soubesse que era eu. Nunca ri tanto na minha vida. E nunca vou esquecer de você cantando Oasis. Nunca quis sorrir tanto na minha vida. Mas tive que conter os sorrisos pra tentar parecer normal. Pra tentar parecer imune a você. Não era. Não sou. Talvez nunca seja. Talvez você me atinja pro resto da vida com o seu olhar que finge não ver, com a sua voz que parece calar todos os sons ao redor. Talvez eu pergunte daqui a dez anos se você ainda lembra de mim e você diga que sim e eu ainda fique feliz com isso. Mas talvez você diga que não lembra. E aí eu não vou dizer quem eu sou. Vou simplesmente colocar meus fones de ouvido e sorrir todos aqueles sorrisos que escondi a seis anos atrás. Mesmo quando você não lembrar mais de mim, ainda lembrarei. Mesmo quando o silêncio surgir, ainda cantarei. Because maybe, you're gonna be the one that saves me. Maybe not.

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