Algo invadiu minha mente hoje. Algo denso, profundo e cortante. Não sei
ao certo como surgiu, nem de onde veio, mas sei o que ele provocou.
Quando minha mente foi invadida, senti um aperto no peito, um nó na
garganta. Senti lágrimas querendo sair dos olhos, mas permanecendo lá
porque ainda não é hora de rolar pelo rosto. Queria ser capaz de definir
essa sensação que me invadiu, mas creio que é impossível. Me senti
frágil, precisando de abraços quentes, precisando de alguém pra me
proteger do mundo e das coisas horríveis que descubro nele a cada dia.
Percebi que, às vezes, eu sou a culpada das coisas ruins que me
acontecem. Eu ajo errado, eu faço coisas sem pensar, sem notar às vezes.
Sinto vontade de abraçar alguém, mas não abraço porque algo me trava,
me impede de fazer o que quero. Tenho vergonha de demonstrar meus
sentimentos e de falar. Escrevo sobre eles constantemente, mas quando
preciso da voz ela não sai. Quando preciso que os meus braços fiquem em
volta de um outro alguém, eles simplesmente ficam grudados no meu
próprio corpo. Sorrio por dentro achando que estou sorrindo por fora
também quando, na verdade, estou com uma expressão que não define nada
do que estou sentindo no momento. Será que isso tem cura? Será que um
dia vou conseguir agir exatamente da forma como quero e como me sinto?
Será que um dia vou parar de me importar com o mundo ao meu redor e com o
que vão pensar a respeito das minhas atitudes? Hoje algo estranho me
invadiu e, por um segundo, eu vi tudo ficar escuro. Eu me senti sufocada
dentro de mim. Dentro dos meus pensamentos que não cessam, dos meus
sonhos utópicos, das minhas ilusões que insistem em continuar
preenchendo minha mente e fazendo com que eu dê com a cara nos postes
por aí. Dói. Dói bater a cabeça e dói mais ainda não poder fazer nada
pra parar essa sensação estranha que apareceu hoje. Talvez seja apenas
um reflexo do dia cinza, ou talvez aqui dentro é que esteja tudo cinza.
Preciso mesmo vestir aquela blusa colorida. Preciso mesmo passar batom e
deixar de ser tão assim. Tão branca, tão quieta, tão eu. Não vou deixar
de ser eu. Mas preciso encontrar um eu melhor. Um eu que sinta na
medida certa, que chore uma quantidade normal de lágrimas por ano, que
não tenha vergonha de distribuir abraços, não importa pra quem seja e
onde estivermos. Se for menino, menina, cabelo curto ou comprido, loiro,
moreno ou ruivo, não importa. Se alguém estiver olhando, se alguém
estiver comentando, rindo ou debochando, importa menos ainda. A única
coisa relevante é o que acontece comigo. É o que eu sinto, o que eu
penso, quem eu sinto, quem eu gosto. E não gosto disso que invadiu minha
mente hoje. Não gosto de sentir esse aperto no peito, essa sensação de
que algo está preso na minha garganta, me sufocando. Quero sorrisos.
Quero sol. Quero a minha blusa colorida e a coragem pra abraçar meu
amor, seja quem for.
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